05/09/2007 - 7:00
Um antigo mito medieval, o elixir da juventude, voltou à moda e, tudo indica, agora veio para ficar. Trata-se de uma bebida escura, vendida em garrafas de vinho pela ?bagatela? de US$ 40 dólares a unidade. Seu ingrediente principal: ?Ah-sigh-ee?, diz o inventor, o empresário norte-americano Dallin Larsen, dono da MonaVie, fabricante do produto. Sotaque à parte, Larsen se refere ao brasileiríssimo açaí, aquela frutinha roxa nativa da região amazônica que faz parte do cardápio de todo esportista no País. Combinada com 18 outras frutas em forma de suco, virou sensação nos Estados Unidos. Com a palavra o adepto de honra, Sumner Redstone, 84 anos, dono do conglomerado de comunicações National Amusements, que engloba a Viacom e a CBS: ?É uma droga milagrosa?, disse à revista Fortune. ?Desde que comecei a tomar MonaVie, nunca mais precisei de pílulas para dormir.? Redstone, que agora prevê mais 50 anos de vida pela frente, gostou tanto da novidade que a distribuiu para celebridades, como o expresidente Bill Clinton e a apresentadora Oprah Winfrey. Resultado: os negócios de Larsen deslancharam.
A MonaVie, evidentemente, não é um milagre. Mas a velocidade com que cresce e gera receita surpreende até pelos padrões norte-americanos. Fundada em janeiro de 2005 com capital modesto, hoje atua no Canadá, Porto Rico, Austrália, Nova Zelândia e Japão, pelo sistema de marketing de rede (a famosa ?pirâmide?, adotada por Amway, Herbalife e Tupperware). A escolha da modalidade foi calculada. Larsen, que na década de 90 liderou outras empresas no ramo de nutrição, acredita que parte do sucesso do produto está no fato de os distribuidores educarem o público sobre os benefícios conferidos pelo consumo de açaí. ?Não dá para simplesmente colocar a garrafa numa prateleira de supermercado. As pessoas precisam entender o que é esse alimento extraordinário?, explica o empresário em entrevista à DINHEIRO. A companhia é reticente quanto aos números de distribuidores e vendas. Mas estimativas apontam que fechará 2008 com uma renda anual de US$ 1 bilhão.
E a meta a longo prazo é bem mais ousada: ?Queremos ser uma companhia de US$ 20 bilhões nos próximos 20 anos. É uma cifra grande, considerando que as empresas de vendas diretas não alcançam US$ 10 bilhões. Mas o açaí é único?, aposta Larsen.
Embora poucos a conheçam por aqui, as ligações entre a empresa e o Brasil são profundas. Por exemplo, a MonaVie já é um dos maiores importadores do açaí brasileiro, que Larsen afirma ser proveniente da Amazônia. Além disso, mantém uma ONG no Rio de Janeiro, o projeto M.O.R.E. (MonaVie?s Operation Rescue), que investiu mais de US$ 1 milhão na alimentação, vestuário e na construção de escolas para crianças. E quanto a negócios? Há planos de desembarcar na terra onde brota a fonte de riqueza? Com certeza, há mercado. De acordo com a ABEVD (Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas), o setor movimentou R$ 14,5 bilhões em 2006, crescimento de 18% sobre o ano anterior. Em itens vendidos, o aumento foi de 12%, com 1,2 bilhão de unidades comercializadas. Com isso, o País já ocupa a quinta posição no ranking mundial, com um volume de US$ 5,2 bilhões. ?Estamos no processo de obtenção da aprovação do produto. Esperamos que já no ano que vem estejamos prontos para negócios no Brasil?, avisa Larsen.