Foi esse, objetivamente, o mote da visita do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, na semana passada.

Com pinta de bom-moço e ouvido atento aos pedidos de autoridades brasileiras, Geithner chegou defendendo que os EUA ainda sustentam a estabilidade mundial – e que vai continuar fazendo-o por muito tempo – e que por isso mesmo seria importante uma reaproximação mais vigorosa entre os dois países. 

 

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Em especial por ser o Brasil uma estrela em ascensão no tabuleiro global. O interlocutor quis ainda apagar a ideia de que a guerra cambial foi obra diabólica de seu governo, que estaria deliberadamente forçando a desvalorização do dólar para prejudicar os emergentes. 

 

A China, aponta Geithner, é que tem feito isso com a sua prática usual de dumping nas mercadorias.  O argumento do secretário: a China é o bicho-papão contra o qual Brasil e EUA devem unir forças. 

 

Não é naturalmente tão maniqueísta a relação. Ambos os parceiros brasileiros (China e EUA) têm adotado posturas prejudiciais ao mercado interno. Para atenuar em parte esse descompasso é que a presidente Dilma cobrou abertamente de Geithner uma maior compra de produtos brasileiros. 

 

Ela quer um reequilíbrio na balança do comércio bilateral, com superávit para cá. O secretário ouviu, anotou, mas não prometeu. Sua estada por aqui, de todo modo, foi apenas mais uma das passagens de personagens da alta esfera de poder americana. 

 

Antes dele, seguiu o mesmo minueto de idas e vindas nos diálogos a secretária Hillary Clinton. E agora, completando a constelação, está para chegar o próprio presidente Obama, que deve arrematar os entendimentos. 

 

É de se prever que uma nova fase de compromissos promissores se estabeleça entre os dois países. No seu recente discurso no Parlamento americano, Obama citou textualmente o Brasil como uma escala importante de sua cruzada pela reconquista de aliados. 

A movimentação se dá justamente quando os EUA começam a apresentar uma melhora visível nos sinais vitais de sua economia. Fato que ajuda e deve motivar os negociadores de ambos os lados da mesa.