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Deu no Financial Times, o mais prestigioso diário econômico do continente europeu. Num tradicional ranking das melhores escolas de negócios do mundo, uma, e apenas uma, brasileira aparece entre as 20 primeiras colocadas. Ela não está localizada em São Paulo, o mais pulsante centro de negócios do País. Seu nome lembra mais uma organização católica de caridade do que uma instituição de ensino. Mas, mesmo assim, a Fundação Dom Cabral foi eleita, segundo os critérios do jornal britânico, o melhor centro de educação executiva do Brasil e da América Latina. O resultado reflete um conceito de ensino pioneiro, que a FDC começou a desenvolver a partir do momento de sua criação, em 1976. Nesses 31 anos, jamais se afastou dele. ?A educação executiva só pode existir se houver uma ligação estreita e indissolúvel entre a escola e o universo corporativo?, diz Emerson de Almeida, presidente da fundação e seu criador. ?Nunca abandonamos esse princípio e foi o que nos levou ao crescimento.?

Nesse período, a FDC transformouse numa azeitada máquina de desenvolvimento e reciclagem profissional. Em 2006, mais de 22 mil executivos de 832 companhias freqüentaram as salas de aulas da entidade. Foram quase 46 mil horas de treinamento. Seus cursos, tanto abertos como feitos sob medida para as empresas, geraram uma receita de R$ 84 milhões em 2006 ? serão R$ 93 milhões neste ano. Desse total, cerca de R$ 5 milhões foram destinados a investimentos em pesquisa, o que gerou cerca de uma centena de trabalhos acadêmicos desenvolvidos pelos professores da FDC. Mais: a fundação possui uma estrutura física inteiramente concebida para a educação. As salas de aula têm capacidade para atender 400 alunos simultaneamente. São dotadas de excelente acústica e iluminação e equipadas com sistemas para teleconferências. O centro gráfico, responsável pela produção de todo o material didático, emprega 54 pessoas. Fincado às portas de um condomínio residencial de luxo em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, o campus da FDC é lugar bucólico, cujo silêncio só é quebrado pelas conversas dos alunos.

 

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EMERSON DE ALMEIDA, o fundador: “Educação executiva só existe se houver ligação entre escola e empresas”

 

 Por seus bancos escolares passaram ministros como Luiz Furlan, Alcides Tápias e Henrique Meirelles. Foram colegas de escola de empresários como Guilherme Leal, Horácio Lafer e Eduardo Andrade. Lá também estiveram executivos de primeiro time: José Carlos Grubisich, Rinaldo Campos Soares e Cledorvino Belini. Em seus conselhos, há grifes do universo corporativo, a exemplo de José Mindlin e Aloysio Faria. ?O que atrai tanta gente boa é que não perdemos contato com as constantes mudanças no cenário corporativo?, afirma, com forte sotaque mineiro, Mozart Pereira dos Santos, diretor executivo da FDC. A cada metamorfose na economia local ou mundial, a fundação move-se na mesma direção. Foi assim no início dos anos 90, quando o presidente Fernando Collor de Mello começou a desmontar o protecionismo excessivo às empresas brasileiras. ?Logo montamos cursos voltados para a internacionalização das empresas?, lembra Elson Valim Ferreira, que, juntamente com Mozart Santos e Emerson de Almeida, forma o trio de decanos da fundação.

 

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SANTOS E FERREIRA, diretores: pelos bancos da FDC já passaram mais de 200 mil alunos, entre eles ministros, empresários e executivos

 

Da mesma maneira, assim que a globalização deu os primeiros sinais de existência, a FDC saiu pelo mundo firmando parcerias com algumas das mais prestigiadas escolas de negócios internacionais. Hoje, a entidade mantém alianças com 20 centros de educação executiva em mais de 15 países espalhados pelo mundo. Entre eles estão o francês Insead, considerado o melhor da Europa, e a americana Kellog University ? ambos, aliás, aparecem no ranking do Financial Times, à frente da Dom Cabral. ?Não é modismo. É atender às necessidades de nossos clientes?, diz Wagner Veloso, gerente de projetos da fundação. Um dos mais ambiciosos passos nessa direção está sendo dado neste momento. Há pouco mais de um mês, a fundação começou a desenhar um extenso programa de desenvolvimento gerencial focado no BRICs, expressão criada pelo Goldman Sachs para se referir a quatro países emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China. Em um encontro em Nova York, a FDC reuniu-se com uma escola de negócios de cada um desses países para tocar o projeto em frente. Em 2009, ele estará no ar. ?Seu público não será formado apenas pelos executivos de empresas dessas regiões?, alerta Alexandre Sampaio Fialho, gerente da FDC. ?Provavelmente atrairá profissionais de países desenvolvidos interessados em mercados emergentes.? Isso garantirá que a fundação continue a aparecer como único representante brasileiro no ranking do Financial Times no próximo ano? ?Pode ser?, responde mineiramente Mozart Santos. ?Afinal, a gente é o melhor do Brasil, uai.?

As receitas da FDC atingirão R$ 93 milhões, o que a coloca no patamar de uma empresa média

 

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