De estagiário a CEO da Oracle no Brasil. A carreira de Rodrigo Galvão e sua visão sobre a transformação digital de pessoas e empresas deu a tônica da entrevista de ontem na série Live de Dinheiro. Entrevistado pelo redator-chefe da revista, Edson Rossi, o jovem executivo da gigante de tecnologia fundada no Vale do Silício na década de 1970 contou que entrou na empresa aos 19 anos, construiu sua trajetória na área de vendas e hoje comanda dois mil funcionários. “O executivo é um facilitador”, diz.
Paulista, Galvão assumiu os negócios da Oracle com a missão de acelerar projetos e promover uma verdadeira revolução interna e externa. Revelou seu diferencial na gestão da empresa: ressignificação. “Sou um grande aliado das pessoas.” Para ele, mesmo com as críticas a tecnologia por parte de muitos estudiosos, que apontam o dedo para a velocidade da revolução digital, “o mundo está cada vez mais humano/digital”. Ele afirma: “A gente não tem que fazer diferente, temos que buscar o diferente.”
Na busca pelo diferente, ele incentivou os funcionários a pensar uma nova forma de contratar as pessoas. Em dois dias, um dos funcionários apresentou um projeto revolucionário para o programa de estágio. “A ideia era contratar à cegas, dar oportunidade às pessoas com formação, sem ver os currículos”. Chamado de Generation Oracle, o projeto inovou em três pontos: processo seletivo, o programa de estágio em si e na criação de uma comunidade de funcionários, para apoiar e desenvolver novatos e veteranos de empresa. Segundo Galvão, não há limite de idade, curso, ou faculdade para participar. “O mundo hoje é dos indivíduos e não das empresa e corporações.” De acordo com Galvão, a iniciativa fez tanto sucesso que logo caiu nas graças da liderança da Oracle na América Latina. O modelo de programa está sendo replicado em outros países latino-americanos em que a Oracle tem escritórios.
Quando assumiu a direção da empresa no Brasil há três anos, Galvão adotou a postura da simplicidade e inovação, em uma jornada de verdadeiramente ouvir as necessidades dos trabalhadores e dos clientes. “Uma boa ideia vai mudando o mundo. A Oracle é uma empresa de tecnologia de gente. Não adianta só falar, masdevemos ter boas práticas, por exemplo no campo da inclusão e nas diversidades”, diz.
Nas últimas semanas, a empresa implantou aplicativos em nuvem que reunirão os dados necessários para permitir que os profissionais de saúde tenham mais eficácia no tratamento ou prevenção da doença do Coronavírus. Para Galvão, a pandemia mudou o Planeta. “O mundo deu um cavalo de pau de 360º”, brinca. As mudanças devem ser positivas, acreditam, já “que todos marcos históricos geram novos comportamentos”.
Fã de esportes e jogador de tênis nas horas vagas, o executivo instalou no espaço de trabalho vestiários com chuveiros para os funcionários que se aventurarem pelas ciclofaixas de São Paulo. No edifício da Oracle no Morumbi, em São Paulo, uma escada de emergência foi adaptada para servir também como pista de cooper. O CEO não é apenas um executivo que gosta de desafios nos negócios. Ele estimula os funcionários a praticar exercícios físicos como forma de promover a qualidade de vida. “A gente tem que ter um olhar especial para o mundo.”
Hoje, o Brasil responde por 50% da receita da empresa na América Latina. No último ano fiscal, encerrado em maio de 2020, foi de US$ 40 bilhões. Rodrigo Galvão jamais teve qualquer experiência profissional fora da Oracle. Formado em administração de empresas pela PUC-SP, é filho (e irmão) de jornalistas. Ele ingressou na empresa da maneira mais simples possível, em resposta a um classificado que viu no mural da faculdade.