Erico Verissimo, que faria 100 anos em dezembro deste ano, gostava de brincar com o modo superlativo do sobrenome da família. É nesse ritmo do mais, cada vez mais, que andam as homenagens em Cruz Alta, no interior do Rio Grande do Sul, ao redor da efeméride do escritor. Celebrar datas redondas tornou-se poderoso negócio, poderosíssimo. No Brasil e em todo o mundo. O Dom Quixote de Miguel de Cervantes acaba de completar quatro séculos redondos. Hans Christian Andersen, o gênio das fábulas infantis, morreu há 100 anos, na Dinamarca. Por trás de merecidas lembranças, movem-se as indústrias do turismo e eventos. ?Ninguém representa melhor a história do Rio Grande do Sul, de nossa região, do que os personagens de Erico?, diz Vilson Roberto, prefeito da cidade de Cruz Alta, terra natal do autor da saga ?O tempo e o vento?. Para celebrar o centenário, os Correios lançaram um selo com a imagem de Verissimo. São 1 milhão de unidades a R$ 1,25. No museu destinado à história e estórias do gaúcho, as visitas crescerão 300% em 2005 em relação ao ano passado.

É movimento universal. A capital da Dinamarca, Copenhague, tradicional reduto de pais e crianças em busca do Tivoli Park, vive um momento mágico de atração de turistas por conta do centenário de Andersen. Na Espanha, a região de Castilla-La Mancha, com seus moinhos de vento, palco das estripulias de Quixote, vive momento semelhante. Além disso, em todo o planeta, inclusive no Brasil, dez editoras republicaram o livro clássico. Estima-se em 600 mil o número de cópias vendidas apenas em 2005. Especialistas acreditam que o mercado de livros atrelados a celebrações multiplique-se por três.