19/02/2009 - 7:00
FEFFER E BOM ANGELO (SENTADO): controle familiar e gestão profissional marcam o grupo
A CRISE INTERNACIONAL dói, mas tem seu lado bom: mostra quem são os melhores gestores financeiros. O grupo Suzano é um deles. O gigante do setor de papel e celulose resistiu ao canto da sereia dos derivativos de câmbio. Enquanto seus principais concorrentes amargaram a perda de bilhões com a alta do dólar no final do ano passado, as empresas controladas pela família Feffer sentaram sobre uma montanha de dinheiro: os R$ 2,7 bilhões recebidos da Petrobras pela venda da Suzano Petroquímica, em 2007. O conservadorismo dos Feffer e a competência do diretor- financeiro Bernardo Szpigel (cuja equipe detectou e alertou para os riscos excessivos do negócio oferecido pelos bancos) evitaram a contratação das operações que custaram R$ 4,8 bilhões à Aracruz Celulose e R$ 2 bilhões ao Votorantim. Diante disso, você contrataria os serviços financeiros do grupo Suzano para proteger sua empresa, seus bens e sua família?
Os Feffer acham que sim. Um lado menos conhecido do conglomerado é a corretagem de seguros, atividade que exercem em uma joint venture com o grupo português Sonae, a Lazam- MDS. O nome foi inspirado na palavra mazal, que em hebraico significa sorte. A corretora, da qual os brasileiros detêm 55% do controle, tem comprado concorrentes e ampliado a atuação geográfica no País. A idéia é oferecer serviços de gestão de riscos para os clientes, aproveitando o know how próprio do grupo para reduzir os custos de contratação de seguros para suas fábricas e seus funcionários. É um negócio que demanda menos capital do que o ramo industrial e ajuda a colocar os ovos dos acionistas em cestas diferentes. “A corretagem faz parte da nossa estratégia de diversificação. Estamos nesse segmento há mais de 30 anos”, disse à DINHEIRO Daniel Feffer, presidente do Conselho de Administração da Lazam- MDS e vice-presidente do conselho da Suzano Holding. “Mostramos aos clientes que sabemos fazer gestão de riscos e economizar. Nossa estratégia é simplicar a vida deles.”
A CARTEIRA DA LAZAM-MDS CHEGOU A R$ 600 MILHÕES
O grupo contratou o experiente executivo Eduardo Bom Ângelo, expresidente da Brasilprev, para tocar a expansão da corretora. A gestão profissional é uma das crenças da família, que atraiu o ex-presidente da Ford, Antônio Maciel Neto, para a operação de papel e celulose, há dois anos e meio. Na segunda-feira 9, Bom Angelo anunciou a compra da carioca Miral, uma corretora especializada em resseguros. “É uma aquisição importante para o atual momento de abertura desse mercado”, diz. Em 2008, primeiro ano após a quebra do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), o setor movimentou R$ 1,6 bilhão, cerca de 20% acima do ano anterior. Já são 50 resseguradoras em atuação no País. “A primeira delas foi a inglesa Lloyds, com a qual a Miral tem parceria”, afirma Bom Angelo.
Desde 2002, quando fez a parceria com o Sonae, a Lazam-MDS adquiriu sete corretoras. As anteriores foram a Weichert, a Integridade, a Providence, a RSI, a Fontana e a ADDmakler. Acumulou, com isso, uma carteira de prêmios de R$ 600 milhões em cinco ramos: automóveis, benefícios, riscos corporativos, gestão de riscos e resseguros. Nove mil empresas e 700 mil indivíduos são atendidos em oito Estados: Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará e Bahia. As apólices mais frequentes na carteira têm as marcas Bradesco, Itaú, Allianz, Mapfre e Chubb. “Temos toda condição de nos tornar a maior corretora de seguros multiproduto do País”, aposta Feffer. Lá fora, ela faz parte da aliança Brokers Link, presente na Europa e na Ásia. Seus principais concorrentes locais – as corretoras internacionais Marsh, Aon e Willis – têm bons motivos para ficar preocupados. Nesses tempos de crise, mais do que nunca cash is king – e dinheiro não falta ao grupo Suzano.