17/01/2014 - 6:30
A mais importante modalidade do automobilismo mundial, a Fórmula 1 encerrou, na quinta-feira 17, um longo ciclo de polêmicas e controvérsias envolvendo seus negócios. Depois de quatro décadas de reinado, seu chefão financeiro, o britânico Bernie Ecclestone, anunciou, a contragosto, que estava saindo do conselho de administração da Formula One Group, detentora dos contratos milionários de patrocínios e direitos de transmissão das corridas. Pelo último dado disponível, referente a 2012, a empresa faturou US$ 1,6 bilhão.
Olho roxo: Ecclestone foi agredido por quatro homens e teve
seu relógio roubado em 2010, em Londres
Aos 83 anos, dono de 15% do capital da companhia, Ecclestone sentará no banco dos réus, intimado pela Justiça da Alemanha, para responder a acusações de suborno. Ele teria tentado corromper o banqueiro alemão Gerhard Gribkowsky, durante as negociações para a venda dos direitos de exploração comercial da Fórmula 1 ao fundo de investimento CVC Capital Partners, atualmente acionista majoritário da categoria, com 35,5% do capital. Pelo negócio, Ecclestone recebeu uma comissão de US$ 66 milhões. Segundo a acusação, o dirigente teria repassado US$ 44 milhões a Gribkowsky com a intenção de garantir a venda à CVC da participação na Fórmula 1 detida pelo banco BayernLB, do qual Gribkowsky era diretor.
Suborno: Gerhard Gribkowsky foi condenado a oito anos de cadeia
por ter aceitado dinheiro do chefão da F1
O banqueiro está na cadeia, condenado a oito anos de prisão em regime fechado. ?Até que o caso esteja concluído, Ecclestone vai deixar de ser diretor, renunciando aos seus deveres neste conselho de administração?, disse, em comunicado, a Formula One Group. O vexatório desfecho da carreira de Ecclestone tem sido tratado pela imprensa internacional como um autêntico soco nos olhos do arrogante executivo, numa referência à agressão sofrida pelo chefão em 2010, durante um assalto no centro de Londres. O episódio inspirou a grife de relógios suíça Hublot a contratar o executivo como garoto-propaganda para sua campanha. ?Veja o que as pessoas fazem por um Hublot?, dizia o slogan da peça publicitária, que exibia um Ecclestone de olho roxo e hematomas no rosto.
Aquele pode ter sido o único capítulo bem-humorado na história de Ecclestone, em quatro décadas nos bastidores das pistas de corrida. O polêmico britânico mais despertou a revolta dos fãs da Fórmula 1 do que fez o público sorrir. Entre suas maiores infâmias estão elogios ao líder nazista Adolf Hitler e declarações machistas. ?Hitler era eficaz e conseguiu fazer com que as coisas funcionassem?, disse o executivo, em entrevista a um jornalista de origem judaica. Em outra ocasião, deu uma demonstração de machismo explícito, chocando as feministas. ?Eu tenho uma dessas ideias maravilhosas de que as mulheres devem ficar todas vestidas de branco, como os eletrodomésticos?, declarou.