12/12/2012 - 21:00
Não confunda gestão de fundos com administração de fundos. O gestor é o profissional do mercado financeiro que toma complexas e, por vezes, arriscadas decisões de investimento. O administrador executa o serviço igualmente importante, mas burocrático, de contabilizar quanto e quando cada investidor aplicou em cada fundo e também registrar os ativos adquiridos por cada gestor. Esse tem sido, até agora, o principal negócio do banco americano BNY Mellon no Brasil. Com mais de R$ 23 bilhões em ativos sob gestão, aproximadamente R$ 188 bilhões em fundos administrados e 69% de participação de mercado como depositário de programas de lançamento de recibos de ações brasileiras no Exterior, o banco tem liderado com folga esses negócios por aqui.
Zeca de Oliveira, presidente do BNY Mellon no Brasil: ”tivemos um crescimento excepcional
no Brasil na última década”
No entanto, ele quer mais. No dia 19 de novembro, o BNY Mellon começou a operar como banco comercial no Brasil, após dois anos pleiteando essa permissão junto ao Banco Central (BC). “A licença reforça nossos planos de continuar a crescer e investir no País”, diz Zeca de Oliveira, presidente do BNY Mellon no Brasil. Com 500 funcionários no País, o banco presta serviços administrativos – conhecidos no mercado como back-office – para dois mil fundos, cujas decisões de investimento são tomadas por cerca de 300 gestoras de recursos. O banco está presente em 36 países e, em setembro de 2012, possuía US$ 27,9 trilhões de ativos administrados e US$ 1,4 trilhão em fundos geridos.
A princípio, diz Oliveira, o escopo das atividades não muda muito: o banco vai oferecer serviços de custódia para investidores não residentes e também para fundos de investimento em participações, de olho no interesse dos estrangeiros pelo mercado brasileiro. “Antes da autorização do BC, dependíamos de outros bancos para fazer a compensação das transações, mas agora podemos fazer por nós mesmos”, diz Oliveira. O banco também poderá receber depósitos referentes a serviços de garantias financeiras nas transações entre empresas, uma atividade conhecida como Corporate Trust, pouco comum no Brasil.
Essa possibilidade é o principal trunfo que o BNY Mellon quer apresentar para conquistar novos clientes, especialmente estrangeiros, que estão vindo em massa para o mercado brasileiro. Apesar de as aplicações internacionais em bolsas de valores terem encolhido em 2012, os investimentos diretos e em fundos de private equity vêm crescendo – o que justifica o empenho do banco em elevar seu status. Ele não é o único. O interesse das instituições estrangeiras em atuar no Brasil tem crescido, principalmente por conta da estabilidade da economia. “O Brasil possui muito espaço para negócios”, afirma o consultor Roberto Luis Troster. Segundo o BC, a participação relativa de instituições estrangeiras em relação ao total do setor aumentou de 35%, em dezembro de 2011, para 36% em junho de 2012.
Pelas contas do mercado, existem pelo menos 20 bancos internacionais querendo entrar no Brasil. Em 2012, além do BNY Mellon, o sul-coreano Woori Bank conseguiu autorização para operar como banco múltiplo no País, em março, e, em outubro, o holandês ABN Amro, ex-dono do Banco Real, anunciou sua volta ao Brasil com a aquisição do banco carioca CR2. A compra do banco brasileiro foi a forma mais rápida de obter uma autorização para operar por aqui. Embora as expectativas do mercado sejam de que o Brasil vá crescer modesto 1,5% neste ano, os prognósticos para 2013 são de um avanço de 4%. Essa perspectiva atrai investimentos e anima os bancos estrangeiros. “Tivemos um crescimento excepcional no Brasil na última década”, diz Oliveira. “Nossa expectativa é crescer 10% nos próximos anos.”