Foi dada a largada para o fim do monopólio na Bovespa. O pregão avança para derrubar a vil concentração dos investimentos em pouquíssimas ações, conforme revela estudo exclusivo da Economática, empresa de dados financeiros de São Paulo. Para entender a mudança de perfil do pregão, acompanhe o desempenho do setor de telecomunicações ? tradicionalmente o mais hegemônico. Este ano, a sua participação no Ibovespa teve queda de 5,24%. Em 2001 (01/01/01 a 21/08/01), as operadoras de telefonia controlavam 37% do total dos negócios diários. No acumulado deste ano (01/01/02 até 21/08/02), a sua participação reduziu para 31,8%. Você ainda acha muito? Se respondeu sim, tem razão. Basta comparar com os porcentuais de concentração setoriais internacionais (cerca de 10%). Porém, uma volta pela história do mercado acionário mostra números bem mais estrondosos. Em 97, as vedetes dos papéis da Telebrás mordiam uma fatia de 64% do dinheiro da Bolsa. ?Há uma tendência de crescimento do número de ações com liquidez?, afirma Fernando Excel, diretor da Economática.

 

Alguns setores que já foram inexpressivos passam a ter peso
no Ibovespa e se consolidam como alternativa de aplicação. Agora, você tem mais condições de
montar uma carteira de investimento diversificada, sem perder a liquidez. O estudo mostra que a participação da mineração, por exemplo, ganhou espaço. Passou de 4,9% em 2001 para 7,6% no acumulado deste ano. Também na trilha da expansão, a siderurgia aparece em cena com mais impacto no índice, saltou de 3,2% para 5,2% no mesmo período. Apesar da Bovespa ter vencido o estigma de monopólio, ela apenas começou a trilhar o caminho da diversificação. Há ainda muito o que evoluir. Para se ter uma idéia, a soma do volume de recursos das sete ações mais negociadas no pregão brasileiro (Telemar, Embraer, CVRD, Bradesco, Eletrobras, Ambev e CSN) equivale a 50% do total do volume diário, R$ 244 milhões. Nos Estados Unidos, a realidade é bem diferente. Para conseguir a metade dos recursos movimentados num dia de pregão é necessário juntar 100 papéis de companhias diferentes.

Comparação. Mas há um consolo para o investidor. Na comparação entre as empresas líderes (com maior concentração), a distância
em relação às grandes bolsas do mundo fica menor. A Telemar manteve a primeira posição no total das operações deste ano,
com 14% do Ibovespa. Em média, o papel da operadora de
telefonia movimenta R$ 76 milhões diariamente este ano, o que representa um crescimento de 7,6% em relação a 2001. Como parâmetro, os escolhidos pela Economática foram novamente
os americanos. Nos Estados Unidos, a Microsoft, líder da Bolsa
de Nova York, tem um peso de 3,5% no índice. Neste item,
também vale dar uma olhada no passado para identificar a
evolução da diversificação dos investimentos brasileiros. Em 97,
uma única ação da Telebrás, campeã absoluta no placar, abocanhava sozinha 55% do dinheiro diário em circulação no
pregão. ?Quanto mais opções, maiores as chances do investidor comprar um papel lucrativo e traçar estratégias diferentes no
seu portfólio?, afirma Valdir Corrêa, presidente da Associação Nacional dos Investidores no Mercado de Capitais.