05/04/2006 - 7:00
O empresário João Alves de Queiroz Filho já foi conhecido como o Júnior da Arisco. Tornou-se o Júnior da Assolan e quase assumiu o epíteto de o Júnior da Parmalat, quando tentou comprar a filial brasileira da empresa italiana no ano passado. Desde a última semana, no entanto, ele passou a incorporar outro cognome: Júnior da Etti. A companhia, adquirida por R$ 70 milhões da Parmalat, era o tempero que faltava para dar consistência à estratégia de transformar o grupo empresarial comandado por Queiroz Filho em uma potência de R$ 1 bilhão até dezembro de 2009. É essa a ambição do empresário: voltar
à casa de R$ 1 bilhão, exatamente o faturamento de sua Arisco quando ela foi vendida à Bestfoods (encampada pela anglo-holandesa Unilever em 2000). Com a Etti, isso será mais fácil. A empresa adiciona, de imediato, R$ 200 milhões ao faturamento da Assolan Industrial Ltda, que fechou 2005 com receita de R$ 350 milhões. Além disso, a Etti está bem posicionada. Sua linha de molhos de tomate aparece em segundo lugar no ranking com uma fatia de 23%, segundo fontes da indústria alimentícia. O primeiro movimento da Assolan no mercado de alimentos já está definido: ?Até o final de abril vamos colocar mais um filhote da família Etti nas gôndolas dos supermercados?, diz Nelson Mello, presidente da Assolan Industrial. O executivo adiantou apenas que será um produto premium.
Trata-se, na verdade, da forma encontrada por Queiroz Filho para deixar claro que está de volta ao segmento de alimentos. Ironicamente, Júnior vai enfrentar a Arisco, controlada pela Unilever, sua maior rival tanto em higiene e limpeza quanto em alimentos. Em lã-de-aço, por exemplo, a marca Assolan peitou a Bombril ? dono de 90% das vendas do segmento até o início da década ? e se deu bem. ?Hoje temos 29,5% de um mercado de R$ 350 milhões?, destaca o presidente da Assolan. O sabão em pó Assim também conseguiu fazer estragos. Lançado em agosto de 2005, ele detém 2,7% de um segmento avaliado em R$ 2,8 bilhões. ?Estamos à frente do Ariel, da Procter & Gamble?, festeja. A Unilever teria reduzido em cerca de 15% o preço do Omo para barrar a ascensão do Assim.
Apesar da postura ousada, Mello descarta a adoção de táticas suicidas, como comprar mercado. ?Não tomamos decisões que ponham em risco a sobrevivência da empresa?, completa o executivo. Por isso, as mudanças na Etti serão graduais. Os investimentos do grupo estão mantidos em de R$ 30 milhões, sendo 80% em marketing. Aportes na Etti só serão definidos após a conclusão do plano estratégico, marcado para agosto. Mas a se repetir o estilo Júnior, é melhor a concorrência colocar as barbas de molho.