07/08/2015 - 20:00
A Máquina de Vendas surgiu em 2010, a partir da união da baiana Lojas Insinuante com a mineira Ricardo Eletro. Na época, o negócio foi apresentado ao mercado como a alternativa dos empresários com força regional, Luiz Carlos Batista e Ricardo Nunes, respectivamente, para não sucumbir ao processo de consolidação do varejo de eletronônicos, em meio à fusão das gigantes Casas Bahia e Ponto Frio. Desde então, a Máquina de Vendas ganhou uma força extra ao atrair como sócias a catarinense Salfer, a mato-grossense City Lar e a pernambucana Eletro Shopping. Com isso, se tornou uma potência com receita anual de R$ 10 bilhões e muitos planos. Mas os ganhos de sinergia imaginados no início ainda não apareceram e as vantagens competitivas, como o maior poder de compra, não evitaram que a rede operasse no vermelho. No balanço de 2014, o prejuízo líquido foi de R$ 48 milhões. Excluindo-se as despesas não recorrentes, o montante cai para R$ 3 milhões. Para dar um gás nos negócios e atrair novos investidores, os cinco sócios resolveram passar o comando para um executivo de fora. O escolhido foi o consultor Enéas Pestana, 52 anos, com passagem pelo comando de gigantes varejistas como o Pão de Açúcar. Procurado, Pestana não quis conceder entrevista.
Fontes ligadas à Máquina de Vendas, no entanto, revelaram que o convite surgiu após o período de dois meses no qual 15 graduados consultores da Enéas Pestana & Associados fizeram uma completa radiografia das contas da Máquina de Vendas. A conclusão foi de que os sócios não conseguiram fazer a varejista maior do que a soma das redes que a constituíram. “Na prática, a união só aconteceu entre a Insinuante e a Ricardo Eletro”, afirmou a fonte. Para aceitar substituir o atual presidente Pedro Magalhães, que se juntará aos sócios no conselho de administração, Pestana teria assinado um contrato de longo prazo. A expectativa é de que os primeiros resultados da reestruturação devam ser sentidos somente daqui a 10 meses. Apesar do cenário adverso, com as vendas do varejo em queda, o mercado acredita na força da Máquina de Vendas. “Os sócios deram um passo importante para o fortalecimento do negócio”, afirma o consultor paulista Eugênio Foganholo. Além da Máquina de Vendas, a consultoria de Pestana, aberta em 2014, possui clientes de peso como a carioca Lojas Leader e a rede de farmácias paulista BR Pharma. Nas duas empresas, Pestana indicou o presidente. Desta vez, ele vai comandar o negócio pessoalmente, assumindo como executivo o ônus da implantação de suas recomendações como consultor.