22/02/2012 - 21:00
Papéis avulsos
O Banco do Brasil obteve um lucro recorde de R$ 12,1 bilhões em 2011, crescimento de 3,4% em relação a 2010. Mais relevante foi o crescimento de mais de 10% nos resultados recorrentes, aqueles obtidos por meio da atividade bancária tradicional pela equipe do presidente Aldemir Bendine. O lucro recorrente foi de R$ 11,75 bilhões. As perspectivas são boas para 2012. Segundo Mário Pierry, analista do Deutsche Bank especializado no setor financeiro, além de os resultados terem vindo acima do esperado pelo mercado, o banco apresentou um crescimento na carteira de crédito mais expressivo do que os seus concorrentes privados. “A inadimplência também melhorou”, diz Pierry. Segundo ele, o BB também divulgou estimativas (“guidance”) positivas para 2012, esperando um crescimento nos empréstimos entre 17% e 21%. Pierry recomendou a compra dos papéis.
Bendine, presidente do BB: lucro além das expectativas.
Touro x Urso
O índice Bovespa voltou a testar, sem sucesso, o nível de 66 mil pontos ao longo da semana passada, em um período no qual o mercado desacelerou seu ritmo, preparando-se para os feriados de Carnaval. O fato de o mercado permanecer fechado por dois dias enquanto há negócios em outros países induz à cautela tanto touros quanto ursos. Os resultados ruins da Petrobras divulgados no dia 10 de fevereiro empanaram os números mais fortes da Vale e do Banco do Brasil. Mesmo sustentando uma valorização de quase 15% no ano, a bolsa ainda vai precisar de fatos novos – bons ou ruins – para tomar uma direção. Mas isso fica para depois da folia.
Mercado
BM&FBovespa busca private equity
O lucro da BM&FBovespa caiu para R$ 1,54 bilhão em 2011 ante R$ 1,58 bilhão em 2010. A causa foi a forte elevação das despesas, que avançaram 29%, subindo de R$ 633 milhões em 2010 para R$ 817 milhões em 2011. A bolsa vai se esforçar para atrair mais empresas, mesmo sem abertura de capital. “Queremos fortalecer o projeto Nova Bolsa, que é uma grande vitrine para os fundos de private equity”, diz Edemir Pinto, presidente da empresa.
Destaque no pregão
Vale carrega no resultado
A Vale registrou lucro líquido de US$ 22,88 bilhões em 2011. A cifra é recorde em dólares e representa um avanço de 32,56% ante o resultado de 2010. O Ebitda somou US$ 33,76 bilhões, com crescimento anual de 29,26%. Os embarques de minério de ferro e pelotas também atingiram recorde histórico, com quase 300 milhões de toneladas, enquanto as vendas de níquel e cobre tiveram o seu melhor ano desde 2008. Segundo o presidente, Murilo Ferreira, a execução disciplinada da estratégia permitiu que a empresa lucrasse com a forte demanda global.
Palavra de analista:
Carlos Louro e Ivano Westin, analistas do Credit Suisse, afirmaram em relatório que o preço 20% mais baixo do minério de ferro no quarto trimestre foi compensado pelo alto volume de vendas. Os volumes de cobre e níquel subiram de acordo com as expectativas. O banco tem recomendação neutra para ação da Vale.
Quem vem lá, mas devagar
IPO da Embrapa avança no Senado
Avança a proposta de abertura de capital da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O projeto de lei que pretende transformar a estatal em uma sociedade de economia mista recebeu voto favorável do senador Gim Argello (PTB-DF), relator do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A discussão se arrasta há anos. Quem defende a mudança diz que os custos com pessoal e encargos são muito altos. Os que são contrários dizem temer que a pesquisa agropecuária seja prejudicada. Depois da CAE, o texto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça. Se aprovado, vai para a Câmara.
Fique de Olho: A Embrapa é conhecida mundialmente pela excelência no desenvolvimento de novos produtos, alimentos e tecnologia para a agropecuária. O projeto de lei prevê que a empresa permaneça estatal..
Educação financeira
O livro Regulação e autorregulação do mercado de bolsa, do gerente jurídico da Bovespa, Luiz Calabró, discute a necessidade de combater transações suspeitas e de desenvolver um mercado inteligente. Ed. Almedina, 215 págs. R$ 50.
Mercado em números
Fusões e aquisições
R$ 142,8 bilhões – É o total de fusões e aquisições fechadas em 2011, uma queda de 22,7% em relação ao total de 2010. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais, foram 179 operações em 2011.
Souza Cruz
R$ 1,6 bilhão - Foi o lucro da empresa de tabaco em 2011. O resultado é 10,6% maior que o de 2010.
Banco Daycoval
R$ 305,1 milhões – Foi o lucro do banco em 2011, um valor 11,1% superior ao resultado de 2010.
Bradesco
R$ 151,2 milhões - É o valor do complemento dos juros sobre o capital próprio que será pago aos acionistas no dia 8 de março. O montante corresponde a R$ 0,38 por ação ordinária e a R$ 0,041 por ação preferencial.
T4F
R$ 61 milhões – Foi o lucro da empresa de entretenimento Time for Fun, um crescimento de 52% em relação a 2010.
Brasil Brokers
R$ 25,5 milhões – Foi o total pago pela aquisição da Bamberg Planejamento e Empreendimentos Imobiliários pela Brasil Brokers. Foram pagos R$ 10,2 milhões agora e o restante será em quatro anos.
Pelo mundo
Olympus perde US$ 410 milhões
A japonesa Olympus, abalada por escândalo contábil, estimou um prejuízo de US$ 410 milhões por causa das vendas fracas de câmeras fotográficas. A empresa deve focar esforços em equipamentos médicos. Na segunda-feira 13, dia do anúncio, as ações subiram 0,4%.
Peugeot-Citroën lucra 48% a menos
Por conta da crise na Europa, a Peugeot-Citroën registrou lucro de € 588 milhões em 2011, queda de 48% ante o € 1,13 bilhão de 2010. De acordo com o presidente do grupo, Philippe Varin, 2012 será um ano ruim para a Europa.
Empire State vai abrir capital
O Empire State Building, em Nova York, vai para Wall Street. A Empire State Realty Trust, dona do edifício, quer captar US$ 1 bilhão. A empresa possui 715.300 metros quadrados em áreas de escritórios, em Nova York e no Estado vizinho de Connecticut. A joia da coroa é o Empire State. O edifício de 102 andares gerou US$ 156,7 milhões em receitas nos nove meses até 30 de setembro. A empresa faturou US$ 382,2 milhões nesse período.
Personagem
Até 2014, o Brasil deve gastar R$ 400 bilhões em obras de infraestrutura e com melhorias para a Copa do Mundo. Sorte da Mills Engenharia, que prevê anos de demanda aquecida para fornecer serviços e equipamentos para o setor de construção. Ramon Vazquez, presidente da empresa, disse estar confiante não só no crescimento da divisão de grandes obras, mas também dos negócios residenciais e locação de equipamentos. Confira a entrevista:
Ramon Vazquez, presidente da mills engenharia: foco na infraestrutura.
A locação de equipamentos avançou bastante, esse é o principal negócio da Mills?
Sim. A divisão Rental cresceu 84,5% em 2011 porque investimos R$ 163 milhões na expansão de novas filiais. Serviços industriais e construção residencial tiveram aumentos, respectivamente, de 9,9% e de 48,1% na receita líquida. A única divisão que não foi bem foi a de construção pesada, cuja receita caiu 14,1%.
Isso ocorreu apesar das obras do PAC e da preparação para a Copa e a Olimpíada?
Sim. As obras ficaram paralisadas e só foram retomadas no fim do ano passado. Chegamos a ficar desanimados. Participamos agora da expansão do metrô em São Paulo e no Rio, de vias expressas e de portos, rodovias e pontes.
Qual o efeito dos eventos esportivos?
Os investimentos para esses eventos são importantes, mas representam apenas 10% do que o Brasil precisa gastar em infraestrutura. Vemos mais potencial na mobilidade urbana, na construção de refinarias, hidrelétricas, portos e aeroportos e no setor de óleo e gás.
E as perspectivas para a construção residencial?
É um setor que vem crescendo muito, não apenas pelo programa Minha Casa Minha Vida, mas pela melhoria do acesso ao crédito e pelo crescimento da renda da população. Nós temos um grande diferencial nesse mercado, que é oferecer redução de tempo para as construtoras, por meio da aplicação dos nossos equipamentos de aço e de alumínio.
Como assim?
Edifícios que usam andaimes de madeira levam três semanas e empregam 25 trabalhadores para ter uma laje pronta. Com produtos de aço e alumínio, o prazo encolhe para cinco dias e a mão de obra necessária cai para dez pessoas.
Colaboraram: Fernanda Pressinott e Fernando Teixeira