Ao comentar os resultados do terceiro trimestre, Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, fez questão de frisar as diferenças do panorama visto do edifício cravado no coração da Cidade de Deus com os prognósticos mais frequentes para a economia brasileira. “A visão dos economistas e do mercado financeiro mostra várias dificuldades para 2022”, disse Lazari. “Nós temos isso em perspectiva, mas esse não é o cenário com que trabalhamos para definir o orçamento no ano que vem. Ao contrário, nossa perspectiva é de crescimento das nossas atividades.”

Lazari tem motivos para estar otimista. Os resultados do Bradesco referentes ao terceiro trimestre surpreenderam positivamente o mercado. O Bradesco lucrou R$ 6,8 bilhões, alta de 34,5% frente ao mesmo período de 2020. Além de lucrar mais, o banco melhorou seu desempenho em comparação com os resultados anteriores. A carteira de empréstimos avançou 16,4% no ano para R$ 773 bilhões. E mesmo assim a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) recuou quase 40% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo Lazari, o aumento da carteira com redução da provisão para a inadimplência foi possível por dois motivos. O primeiro foi a injeção de R$ 300 bilhões na economia sob a forma de auxílio para pessoas e pequenas empresas. “A população brasileira é pouco endividada e manter o nome limpo é importante, por isso esses recursos ajudaram os clientes a honrar seus compromissos”, disse o executivo.

BOAS MARGENS Ganhos com serviços e tesouraria melhoraram o resultado do BB, presidido por Fausto Ribeiro. (Crédito:Roberto Casimiro )

DIGITALIZAÇÃO Boa parte desse avanço nos resultados deveu-se a uma estratégia do Bradesco e das demais instituições financeiras, a ênfase na digitalização das transações com os clientes. Por meio dos recursos digitais, os bancos puderam ser mais precisos na hora de emprestar. “Nós melhoramos nossa maneira de avaliar o cliente e agora vamos além de apenas conceder ou negar o empréstimo, conseguimos ser mais assertivos no limite que pode ser concedido”, disse ele. “A diferença entre o remédio e o veneno é a dose.”

O resultado do Bradesco não foi uma exceção. Os três outros gigantes bancários de varejo também mostraram bons números. Pela ordem cronológica, Santander, Itaú Unibanco e Banco do Brasil divulgaram um desempenho melhor do que as expectativas. Porcentualmente, o Banco do Brasil liderou a alta frente ao mesmo período de 2020, com crescimento de 49,4%. Depois vieram Itaú Unibanco (34,8%) e Bradesco (34,5%), com Santander encerrando a fila (12,5%). Somados, os quatro grandes lucraram R$ 22,5 bilhões, avanço de quase 32% (observe o quadro). É o terceiro maior resultado trimestral segundo um levantamento da empresa de informações financeiras Economatica.

Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil, também não tem do que se queixar com relação aos resultados do trimestre. O resultado veio acima das expectativas do mercado, e foi encorpado pela melhora da margem financeira, especialmente devido ao avanço de 65% no resultado com as operações da tesouraria. Segundo avaliação do analista do Banco Inter Matheus Amaral, o crescimento das receitas com serviços, gestão de recursos e seguros também foi positivo.