11/05/2005 - 7:00
Na última década, a BMW assistiu às mudanças da indústria automobilística como uma gigante adormecida. Enquanto os seus principais concorrentes no segmento do alto luxo lançavam, em média, três novos modelos por ano, a montadora surgia com apenas uma novidade. Era pouco para um mercado globalizado no qual os consumidores exigiam máquinas portentosas a cada quatro meses. Abriu-se, portanto, espaço para outras competidoras. E, de olho nesse vácuo, a Audi, uma de suas concorrentes ao lado de Mercedes e Volvo, colou na sua traseira. A gigante, então, acordou. Nos últimos dois anos, a marca lançou cinco novos carros. E os produtos que acabaram de sair do forno vão ganhar o mercado brasileiro. ?Até o fim do primeiro semestre, venderemos o Série 3 e, desde o mês passado, já estamos comercializando o compacto Série 1?, diz André Mueller Carioba, presidente da BMW do Brasil. Somado a isso, as 14 revendas espalhadas pelo País serão remodeladas até o fim de 2005. A arquitetura mais limpa mesclará vidro e aço, o chão será em asfalto para não refletir na carroceria do automóvel e a oficina, limpa como uma sala cirúrgica, poderá ser vista pelos clientes. A idéia é garantir mais espaço para a exposição dos carros e ganhar o comprador pelos olhos.
O investimento da marca, cujo faturamento no Brasil é estimado em R$ 280 milhões por ano, é guardado sob sete chaves mas, ao que parece, já está surtindo efeito. O novo Série 3, que virá até julho, esbanja um design clássico mesclado com linhas esportivas, já tem dezenas de encomendas e custará cerca de R$ 300 mil. O Série 1, por sua vez, já vendeu 50 unidades no primeiro mês. Detalhe: custa entre R$ 143 mil e R$ 154 mil. O segredo de seu sucesso? Ele é compacto, apresenta um design arrojado e dispõe de tecnologia de ponta. Faz de 0 a 100 Km/h em 8,7 segundos, atinge 217 Km/h e vem nas versões de câmbio automático e mecânico. Tais características prometem tornar a marca, que já é objeto de desejo entre os clientes mais velhos, cult entre os jovens. Os críticos, contudo, insistem em dizer que o veículo passa longe de um dos principais dogmas pregados pela marca: o topo do luxo. Afirmam que o carro é pequeno e acanhado para os padrões da empresa.
O que interessa para a montadora alemã, entretanto, é que o Série 1 chega num momento crucial no mercado. A Audi, que lidera o segmento de compactos de luxo com o modelo A3, anunciou que vai parar de produzir o automóvel, na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, em 2006, e passará a importar o A3 Sportback cujo preço é superior a R$ 100 mil. Será briga de gente grande. E nesse campo de batalha, no segmento de super luxo, as adversárias se conhecem muito bem. Dados da Abeiva, a associação das importadoras, mostram que no ano passado a BMW vendeu 1291 carros, enquanto a Audi, a segunda colocada, contabilizou 664. Isso, é bom salientar, sem contar o A3 produzido no Brasil. ?O mercado de importados crescerá 10% neste ano?, diz Luiz Carlos Mello, diretor executivo da Abeiva. O setor super premium, contudo, prevê um salto de 15%. Explica-se: há um ciclo na troca de carros de luxo que gira ao redor de quatro anos. ?Como a economia está mais estável, acreditamos que este ano será favorável?, diz Mello. A BMW, pode ter certeza, conta com isso.
R$ 280 milhões é o faturamento estimado da marca no Brasil
PREVISÕES
10% é quanto crescerá o mercado de importados
O setor premium espera aumentar as vendas em 15%