Pescaria, em geral, lembra noites mal dormidas em embarcações precárias ou barracas de lona, mordidas de mosquito e isolamento total da civilização. Por maior que seja a emoção da fisgada, a falta de conforto muitas vezes afasta potenciais pescadores das aventuras nos rios e lagos brasileiros. No entanto, a apenas uma hora de Belo Horizonte, na cidade de Inhaúma (MG), há um oásis para quem gosta de pesca ? e também de requinte. É o Águas do Treme Lake Resort, situado no Cerrado mineiro, onde se fez um lago artificial de 60 hectares de lâmina d?água, com diversas espécies de peixes. Tudo foi erguido pelo empresário Roberto Gutierrez, um dos principais acionistas da empreiteira Andrade Gutierrez, que controla a Telemar e administra várias estradas brasileiras, como a Dutra, no Rio de Janeiro, e a Anhangüera-Bandeirantes, em São Paulo. ?O hotel nasceu quase que por acaso?, disse Gutierrez à DINHEIRO. ?As pessoas vinham pescar, gostavam do ambiente e pediam um local para se hospedar com a família.?

Hoje, o Águas do Treme, construído num estilo que mescla influências hispânicas e mexicanas, acolhe os hóspedes de forma quase exclusiva ? são apenas 12 suítes e dois ranchos no hotel. Há ainda uma grande vantagem para quem gosta de pescar, mas não é nenhum especialista na arte do molinete. No Águas do Treme, há tantos peixes que muitas vezes são os pacus, tilápias, matrinxãs, dourados e surubins que fisgam os pescadores ? e não o contrário. E o melhor é que alguns chegam até a pesar 25 quilos, já descontada a mentira do pescador.

 Não bastasse o conforto, o Águas do Treme tem ainda uma preciosa coleção de arte, disposta pelo hotel de forma casual, quase que para não despertar atenção. É lá, por exemplo, que está a tela modernista ?As Lavadeiras?, de Cândido Portinari, avaliada em mais de R$ 5 milhões. No hotel, há ainda diversas pinturas com o estilo primitivo de Antônio Poteiro e com o impressionismo do mineiro Carlos Bracher. São peças da coleção de Roberto Gutierrez que, em vez de estarem guardadas na fazenda do dono, que fica bem ao lado do hotel, são permanentemente expostas para os hóspedes. Além disso, há, na decoração, pias batismais e móveis trazidos do Vaticano, bem como uma fonte de 300 anos importada da Espanha. Se isso já parece muito, Gutierrez construiu ainda uma réplica idêntica da Matriz de Nossa Senhora do Loredo, uma igreja barroca de Salvador (BA), numa das áreas do resort ? é lá que várias famílias abastadas de Minas organizam seus pacotes de casamento. No hotel, as diárias por casal giram ao redor de R$ 400, na alta temporada, mas há muitos pacotes especiais.

 Para 2005, Roberto Gutierrez traçou um ambicioso plano de expansão do resort. Além do centro de convenções, com obras já em andamento, o empreiteiro planeja ampliar a área de hóspedes para, no máximo, 60 suítes. O ponto mais ambicioso, porém, é a construção de um megacampo de golfe, que seria um dos melhores do País e ampliaria a oferta de esportes do Águas do Treme ? além da pesca, há quatro quadras de tênis e trilhas para caminhadas. O hotel também organiza safáris para observação de aves e animais do Cerrado, como o lobo guará, e visitas a pontos turísticos da região, como a Gruta do Maquiné e a cidade de Cordisburgo (MG), berço do escritor Guimarães Rosa, pai do Grande Sertão, Veredas.