07/06/2013 - 21:00
Em tempos de realidade virtual no cinema e réplicas de qualquer objeto que parecem originais, deparar-se com uma produção que levou milhões de dólares em joias para a telona parece falta de juízo. Mas foi assim em 1963, quando o filme Cleópatra foi lançado e arrebatou plateias mundo afora não só pela beleza de sua protagonista, a atriz Elizabeth Taylor, mas também pelas joias legítimas e poderosíssimas que a dama dos olhos violetas usava em cena. O longa, que completou 60 anos este ano e ganhou um tributo no festival de cinema de Cannes, em maio, trouxe à tona novamente a beleza daquelas peças – muitas delas adquiridas pela protagonista durante as filmagens.
Todo aquele tesouro exibido no set foi produzido pela joalheria italiana Bvlgari. Eram peças reais que, recentemente, foram recompradas pela marca para integrar um acervo histórico. Esta grande coleção de joias foi batizada de Heritage, e engloba preciosidades da Bvlgari recuperadas sob curadoria da historiadora da marca, Amanda Triossi. Parte desse tesouro foi mostrado ao público em uma exposição-homenagem sobre as joias do filme dirigido por Rouben Mamoulian, em solenidade que movimentou o balneário francês (veja ao final da reportagem). Uma outra parte veio parar em São Paulo. São sete peças da coleção Heritage, que desembarcaram na única loja da marca, no Shopping JK Iguatemi.
Red carpet: a britânica Keira Knightley desfilou no Oscar, em 2006,
adornada com um mix de pedras preciosas da marca italiana
Detalhe: nenhuma delas está à venda, são patrimônio da maison. Mas podem ser admiradas no endereço. No grupo, três delas saltam aos olhos: um anel estilo cocktail, de ouro, com uma imensa esmeralda octogonal de 14,2 quilates, que fora usada pela atriz Angelina Jolie também em Cannes, em 2008. Um par de brincos em ouro branco, com rubis e diamantes baguete, que adornou o rosto de sua colega Jessica Alba, em um evento em Milão. E, ainda, um belíssimo colar que valorizou o colo de Keira Knightley no red carpet da cerimônia do Oscar, em 2006, feito de ouro, esmeraldas, rubis, safiras e diamantes. Além das peças históricas, a joalheria fundada em Roma, em 1884, trouxe ao mercado brasileiro outras nove joias da linha High Jewellery, itens únicos, classificados entre os grandes feitos do design.
Flashes divididos: em Cannes, 2008, o anel com a esmeralda de 14,2 quilates chamou
tanto a atenção dos fotógrafos quanto a barriga de grávida de Angelina Jolie
Estas sim, passíveis de serem levadas para casa, dependendo de quanto dinheiro o cliente tem em sua conta bancária. São Coube a VP internacional da Bvlgari, a italiana Sabina Belli, a responsabilidade de apresentar a mais cara delas: um colar com sete robustas esmeraldas, 84 granadas e nada menos que 150 diamantes. O preço? Exatos R$ 3,2 milhões. Belli comandou um jantar para 50 seletos convidados (entre eles, o ator francês Vincent Cassel) no terraço do prédio do shopping, na noite de 28 de maio. Se somarmos ao valor do colar, o par de brincos de granadas e esmeraldas que ela usava – R$ 354 mil –, provavelmente Belli tinha o pescoço e as orelhas mais valiosas do País naquela noite.
Pescoço valioso: Sabina Belli, VP internacional da Bvlgari,
e o colar de R$ 3,2 milhões
Tamanho prestígio, claro, se deve ao interesse das grifes estrangeiras no mercado de luxo nacional. “O Brasil representa uma oportunidade inegável, não apenas por questões econômicas, mas pela cultura, que é muito próxima da marca”, disse Belli, à DINHEIRO. Para ela, as brasileiras gostam das cores. “Nós fomos os primeiros a usar ouro amarelo com pedras coloridas”, afirmou. A crise mundial parece não assustar a loira e elegante executiva. “Nosso dever é criar joias que emocionem os clientes, com ofertas sempre mais espetaculares”, disse. No foco dessas emoções estão a China e o Japão, mercados prioritários para a marca.
Vamos combinar: rubis dos brincos de Jessica Alba usados para ornar
com o vestido e o batom vermelho da atriz
Mas a América Latina já passa a entrar com mais assiduidade radar da grife. O que Belli lamentou mesmo foi se despedir do colar e dos brincos que usava. Perto da meia-noite, um esquadrão de seguranças fizeram a retirada das joias e as levaram para o cofre do shopping, deixando a italiana com cara de choro. De São Paulo, as joias da coleção Heritage voltarão a Roma, no final do mês. Serão substituídas por outras em um sistema de rodízio. Em setembro, mais 140 peças vintage – oito delas que também pertenceram a de Liz Taylor – viajarão a São Francisco (EUA), para uma nova mostra: Bulgari e La Dolce Vita: 40 anos de creativitá.
As joias do Egito
R ichard Burton, um dos sete maridos de Elizabeth Taylor, dizia que a única palavra em italiano que sua mulher sabia falar era “Bvlgari”, tal a sua adoração pelas joias da marca. No set de Cleópatra, onde ela era protagonista e ele fazia o papel do imperador Marco Antônio, Burton a presenteou com um anel de noivado e um colar. “Nas gravações do filme em Roma, eles visitaram nossa loja na Via Condotti”, disse Sabina Belli, VP internacional da marca.
Histórico: a atriz Jessica Chastain na exposição da Bvlgari, em Cannes,
ao lado do célebre colar de diamantes, com uma enorme safira
no pingente, de Elizabeth Taylor
“Tivemos muita sorte por eles terem nos escolhido.” O clássico ganhou versão remasterizada, apresentada ao público no festival de Cannes deste ano. O projeto foi financiado pela Bvlgari. “Este filme faz parte de nossa história, não tinha como não participarmos”, disse a executiva. Além da sessão especial, uma exposição com as joias usadas no filme, incluindo um espelho de mão, foram expostas em uma mostra, que teve como hostess a atriz Jessica Chastain.
Alta joalheria: espelho de mão feito de ouro e turquesa
usado por Liz Taylor no filme