O megainvestidor americano Warren Buffett, terceiro homem mais rico do mundo com uma fortuna de US$ 47 bilhões, foi convencido por Bill Gates. O segundo homem mais rico do planeta, com uma conta bancária de US$ 53 bilhões, havia deixado de atuar no dia a dia da Microsoft para se dedicar exclusivamente à fundação que leva o seu nome e o de sua mulher. 

Buffett, maravilhado com as ações do casal que já doou US$ 28 bilhões, resolveu trilhar o mesmo caminho. Em 2006, o chamado Oráculo de Omaha, numa referência às suas apostas no mercado financeiro, anunciou que doaria 99% de sua fortuna. 

 

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Desde então, passou a fazer uma cruzada em busca de novas adesões dos muito ricos. Neste ano, criou um grupo chamado Giving Pledge, com 40 bilionários americanos que se comprometeram a doar mais da metade de suas fortunas. 

 

São magnatas como Larry Ellison, dono da Oracle, Michael Bloomberg, dono da companhia de mídia Bloomberg, o cineasta George Lucas, Ted Turner, fundador da CNN, entre outros. Recentemente, mais um bilionário aderiu ao movimento. Era ninguém menos do que Mark Zuckerberg, o polêmico fundador do site de relacionamentos Facebook. 

 

“As pessoas esperam o fim de suas carreiras para dar de volta. Por que esperar quando há tanta coisa para ser feita?”, disse Zuckerberg. A atitude do dono da maior rede social do mundo é, de fato, louvável. Porém, questionável. Será que Zuckerberg quer usar a filantropia para limpar sua barra?

 

O jovem americano, dono de um patrimônio avaliado em US$ 6,9 bilhões, é retratado como uma pessoa sem escrúpulos no recém-lançado filme A Rede Social, uma produção que traz a gênese do Facebook. 

 

A história mostra que, para atingir seus objetivos, Zuckerberg teria passado uma rasteira em seu amigo e sócio, o brasileiro Eduardo Saverin, que financiou os primeiros meses da empresa. 

 

Até hoje, essa história persegue Zuckerberg, que, inclusive, teve de ceder 5% do Facebook a Saverin depois de uma ação judicial. A filantropia, portanto, seria o caminho mais rápido para mudar a opinião pública. 

 

O próprio Bill Gates, que antigamente era apedrejado em tudo quanto é protesto contra a globalização, fez isso e se deu bem. Hoje, o mundo olha para Gates como um homem desprendido de bens materiais, uma pessoa que pensa além do dinheiro. Trata-se de uma artimanha bem antiga. 

 

E basta caminhar pelas ruas de Manhattan para compreender isso. Por trás de concertos no Carnegie Hall ou de uma despretensiosa patinação no Rockefeller Center se escondem ações “beneméritas” de empresários como Andrew Carnegie (1835-1919), conhecido como o rei do aço, e John D Rockefeller (1839-1937), o barão do petróleo.

 

Atualmente, eles são lembrados como dois visionários, homens de negócios à frente de seu tempo. Mas nem sempre foi assim. No auge da industrialização americana, quando Carnegie fornecia o aço para as estradas de ferro dos Estados Unidos e Rockefeller extraía o petróleo que irrigava a economia, eles eram chamados pela imprensa americana como os “Barões Ladrões”. 

Carnegie era classificado como um manipulador de pessoas e Rockefeller não media esforços para controlar o preço do óleo negro. As ações inescrupulosas ficaram para trás, a imagem de enriquecimento a qualquer preço também. Restaram os prédios, museus e fundações filantrópicas com os seus nomes. O mundo agradece.