16/11/2001 - 8:00
Responda rápido: qual o primeiro produto que lhe vem à mente quando se fala em Philip Morris? Se a resposta for cigarros Marlboro, parabéns. Mais de 90% dos consumidores pesquisados pela companhia americana responderam exatamente a mesma coisa. E é por isso que a Philip Morris, gigante de US$ 80 bilhões, levará ao seu conselho de administração uma proposta para mudar o nome da corporação. A empresa quer mostrar que é muito mais que uma fabricante de cigarros. É dela, por exemplo, a cerveja Miller. O chocolate Toblerone também, assim como o Sonho de Valsa (este, mais conhecido no Brasil). A empresa ainda faz macarrões, sucos, queijos e sorvetes. ?Não é prudente associar, sob um mesmo nome, produtos cancerígenos com
macarrão ou chocolate?, diz Michael Thibodeau, autor do livro
Smoke gets in your eyes.
Portanto, conheça agora a Altria Group. É assim que a empresa vai se chamar caso os conselheiros aprovem a sugestão do CEO Geoffrey Bible. O nome é latino, deriva da palavra ?altus? e, segundo o executivo, ?reflete o desejo da corporação de alcançar patamares mais altos em termos financeiros?. Também reflete a estratégia da companhia de deixar cada vez mais isolado o segmento de cigarros ? até porque o cerco à indústria tabagista está se fechando.
O nome Philip Morris não morre. Mas só aparecerá nos maços de Marlboro ou LM. O logo da Altria surgirá como figura da holding e estará diretamente ligado a parte de alimentos e bebidas. ?É uma estratégia inteligente. Eles colocam a marca Philip Morris em seu devido lugar e criam uma imagem para reforçar a distância que existe entre duas áreas nada similares?, diz Alfredo Alves de Lima, diretor da consultoria de marcas Interbrand. Há outros motivos. Cresce a cada dia o interesse de investidores nos chamados fundos éticos. Nas Bolsas de Valores de Londres e Nova York, por exemplo, existe um índice que reúne as corporações socialmente responsáveis. A Philip Morris do cigarro não é bem-vinda nesse rol. Já a Altria teria alguma chance no clube dos éticos. Além disso, a mudança do nome pode facilitar uma possível cisão das duas companhias, a venda de algumas delas e até a atração de parceiros para a área de alimentos.
