O empresário paulista Giampaolo Piraino não é um usuário frequente do Twitter. Por isso, Jack Dorsey, fundador da empresa americana, terá de gastar bem mais do que 140 caracteres característicos das mensagens do microblog se quiser atrair o dinheiro de Piraino, que só recentemente curtiu o investimento que fez nas ações do Facebook, em 2012. Ao anunciar o início do processo de abertura de capital no dia 12 de setembro, o Twitter levantou voo para se tornar a novata entre as empresas de internet na bolsa. Esse lançamento não é precoce. O Google, por exemplo, levou seus papéis ao pregão há oito anos, enquanto outras redes, como o LinkedIn, o fizeram em 2011, com bons resultados para o investidor (leia no quadro ao final da reportagem). 

 

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O caminho traçado pelo Twitter indica que a companhia quer se distanciar da experiência de Mark Zuckerberg. ?O Facebook demorou para abrir capital por esperar uma desaceleração no seu crescimento, mas a oferta do Twitter vem no momento certo, quando as receitas estão crescendo a taxas de três dígitos?, diz Sam Hamadeh, presidente da consultoria PrivCo. No entanto, ainda há muitas dúvidas sobre o processo. Como seu faturamento é inferior a US$ 1 bilhão, o Twitter está seguindo um procedimento simplificado e não é obrigado a revelar seus dados financeiros agora. Por isso, o Vale do Silício está ansioso por mais informações sobre sua estratégia para aumentar o faturamento, concentrado na publicidade, e sobre os detalhes da oferta em si. Dorsey é mais conservador que Zuckerberg. 

 

Empresas de internet menos conhecidas que

 o Twitter não empolgam os investidores

 

O Facebook ofereceu 20% de seu capital no IPO, mas o Twitter deve lançar de 10% a 15%. Isso significaria captar US$ 2 bilhões, diz Alan Patrick, da consultoria inglesa Broadsight. ?O valor total do Twitter será de, no máximo, US$ 14 bilhões, considerando-se a receita e a quantidade de usuários?, diz. A questão a ser respondida é se existe apetite por ações de mais uma rede social. Segundo Patrick, a resposta é sim. ?Mas só porque é o Twitter, pois empresas de internet menos conhecidas não empolgam?, diz. Brasileiros interessados nos ovos de ouro do passarinho azul podem investir em fundos que aplicam nesses papéis ou ainda comprar ações diretamente, por meio de bancos que atuam nos Estados Unidos. 

 

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Jack Dorsey, fundador do Twitter: o IPO vem no momento certo

para a empresa, mas o mercado quer mais informações

 

A opção de participar por meio de um banco que opere nos dois países é menos trabalhosa. ?O investidor aplica em reais, e só precisa reservar uma parcela para compensar eventuais diferenças cambiais?, diz Denis Botini, da corretora paulista Coinvalores. A operação não é barata, pois pressupõe a manutenção da conta no Exterior e os trâmites legais, além da necessidade de informar as compras na declaração do Imposto de Renda. Se a opção for aplicar por meio de fundos, os custos igualam-se aos de um fundo multimercado. ?Esses fundos podem investir até 20% dos recursos lá fora?, afirma Pablo Spyer, da coreana Mirae Asset Securities. O empresário Piraino prefere aplicar seu dinheiro através de uma corretora vinculada a um banco.

 

A compra de ações do Facebook é uma resposta a uma decisão da qual se arrepende, a de ficar fora da oferta do Google. De lá para cá, os papéis do mecanismo de busca avançaram 800%, superando em mais de 300% a média da Nasdaq, a bolsa das empresas de tecnologia dos Estados Unidos. ?Minha sorte é que não comprei as ações do Facebook nos primeiros dias da oferta, mas esperei as cotações caírem um pouco e vendi parte delas no início de setembro, ganhando algum dinheiro?, diz Piraino. Nos últimos meses, o Facebook se recuperou na bolsa e, desde o IPO, apresenta uma valorização de 16%. No geral, o desempenho das ações de internet tem sido bom, sinal de que haverá poucos palavrões nos 140 caracteres em que os investidores poderão comentar a oferta, no ano que vem.

 

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