Experimente perguntar a uma pré-adolescente dos Estados Unidos ou da Europa o que ela deseja ganhar neste Natal. Na maioria dos casos a resposta será curta e grossa: ?Uma Bratz?. Criada pela americana MGA Entertaiment, a turminha de amigas da espevitada boneca Yasmin transformou-se em um dos maiores ícones da indústria mundial de brinquedos. Em apenas três anos, ela desbancou a longilínea Barbie nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Portugal, Espanha e Austrália. A Mattel não comenta o estrago feito em sua receita. Neste ano, as vendas mundiais da linha Bratz no varejo devem somar US$ 2,5 bilhões, aumento de 66% em relação a 2003. O responsável por essa façanha é Isaac Larian, 50 anos, o dono da MGA. Nascido no Irã, ele emigrou ainda criança para os EUA. A empresa começou em 1979 como importadora e distribuidora de produtos eletrônicos até optar pelo ramo de brinquedos, em 1993. A Bratz surgiu em conversas com a filha Yasmine, então com 11 anos. ?Ela não encontrava nenhuma boneca que reproduzisse os trejeitos e a atitude da moçada descolada?, recorda. A decisão do pai zeloso rendeu ótimos dividendos. As apimentadas personagens ajudaram a multiplicar por sete as receitas da MGA para US$ 700 milhões.

Na quinta-feira 4, Larian desembarcou em São Paulo para falar dos planos para a região. Chegou pela manhã e regressou no final da noite para os EUA. Ficou o tempo suficiente para anunciar a produção local das bonecas. ?Vamos instalar uma fábrica em Manaus até o final de 2005?, disse. ?Desse modo, será possível reduzir o preço em até 20%?, estima. Enquanto as rivais Susi e Barbie custam a partir de R$ 14,90, a Bratz não sai por menos de R$ 79,90. Ele também detalhou os planos para os parceiros Gulliver e International Trading Consultants (ITC). As bonecas e acessórios (móveis, veículos, roupas, por exemplo) respondem por 10% das vendas de R$ 35 milhões da Gulliver S.A., que importa e distribui as peças.

O licenciamento das personagens, feito pela ITC, está em expansão. Hoje são 180 produtos (figurinhas, cadernos e camisetas) e as negociações apontam para 2.800 itens nos próximos meses. Juntos, eles rendem US$ 90 milhões no varejo, quase o dobro do que arrecadam clássicos como Garfield e Snoopy.

Mas no que depender da Estrela (dona da Susi) o pai da Bratz não terá moleza. ?Respeitamos todos os competidores mas não temos medo de nenhum deles?, diz Aires Leal Fernandes, diretor de Marketing da Manufatura de Brinquedos Estrela. Por enquanto a contabilidade está a favor das veteranas. Enquanto a Bratz vende 80 mil unidades por ano no Brasil, a Susi e a Barbie flutuam na casa de um milhão de unidades. Por aqui, o mercado de fashion dolls é estimado em R$ 132 milhões. A fabricação local é o primeiro passo para que o dono da MGA vença a guerra das bonecas.