O americano Robert Noyce faz parte da categoria de pessoas que sem as quais o mundo seria mais chato e menos inteligente. Graças a sua capacidade de inovação, ele criou um estilo e revolucionou uma indústria que ainda nem existia como tal. Por trás do seu nome, pouco conhecido fora dos Estados Unidos, estão as duas maiores criações da indústria mundial de tecnologia: o microprocessador, a alma dos computadores, e a Intel, uma das maiores empresas do planeta. Noyce fez mais. O estilo despojado do Vale do Silício, a região dos Estados Unidos onde estão as companhias high tech, surgiu primeiro nos corredores do negócio administrado por Noyce. Foi dele a idéia de distribuir ações da empresa para os seus empregados e reduzir as diferenças de benefícios entre a diretoria e os escalões inferiores. Sua habilidade para gerir um time de nerds, os gênios em computação, era proporcional ao desprezo que tinha pelo movimento sindical. Noyce nunca permitiu a entrada de sindicalistas em sua empresa por acreditar que eles poderiam comprometer a criatividade dos seus funcionários.

Apesar de ser um personagem interessante, Noyce nunca mereceu uma boa biografia. A lacuna foi preenchida pela escritora Leslie Berlin, autora de ?O Homem Por Trás do Microchip?, lançado há algumas semanas nos Estados Unidos. ?Ele serviu de inspiração para mais de uma dezena de empreendedores digitais?, afirmou à DINHEIRO, Leslie Berlin. Em sua pesquisa em busca de histórias e fatos sobre o seu personagem, a autora descobriu um lado de Robert Noyce que por muito tempo esteve apagado. O criador da Intel, que morreu em 1990, aos 62 anos, após sofrer um ataque cardíaco, é pouco lembrado pelos seus sucessores do mercado. Dez anos antes de morrer, ele saiu das funções executivas e investiu em outras áreas. ?A memória das pessoas é curta, em especial na área de tecnologia porque olham para o futuro e esquecem um pouco o passado?, diz Berlin. ?Noyce foi um sucesso como inventor e homem de negócios e já era hora de alguém escrever sua história.?