24/02/2015 - 20:58
O Parma já foi um grande time europeu, mas hoje, sem dinheiro para pagar a conta de luz de seu estádio, deve decretar falência no próximo dia 19 de março, pela segunda vez em uma década, em outro sinal da decadência do futebol italiano.
No último domingo, o Parma, lanterninha do Campeonato Italiano, não pôde receber a Udinese, pela 24ª rodada da Serie A, devido à falta de dinheiro para pagar os funcionários e abrir o estádio Ennio Tardini. A partida foi adiada indefinidamente.
Os dirigentes do clube, o capitão Alessandro Lucarelli, o prefeito da cidade, Federico Pizzarotti, e membros da Liga Italiana (Lega) e da Federação Italiana (FIGC) se reuniram nesta terça-feira pela manhã no tribunal de Parma.
“Na situação que estamos, a única solução que parece existir é declarar falência”, declarou Lucarelli.
A decisão do tribunal de Parma será divulgada em 19 de março, garantiu nesta terça-feira uma fonte judicial.
A situação é angustiante para um clube que, há duas décadas, contava com diversos jogadores de renome mundial no elenco.
Pelo gramado do estádio Ennio Tardini já desfilaram craques como Fabio Cannavaro e Gianluigi Buffon, o búlgaro Hristo Stoitchkov, os argentinos Hernán Crespo e Juan Sebastian Verón, o francês Liliam Thuram, o colombiano Faustino Asprilla, o brasileiro Adriano, os portugueses Paulo Sousa e Fernando Couto, entro outros.
A dívida se aproxima aos 100 milhões de euros, de acordo com a imprensa italiana, e o atraso no pagamento de impostos chega aos 17 milhões, o que poderia provocar novas sanções esportivas, como perda de pontos.
Último colocado a treze pontos do primeiro time fora da zona de rebaixamento, o Parma já foi punido com a perda de um ponto nesta temporada.
Representante da Lega e da FIGC acompanharam os dirigentes do clube ao julgamento desta terça-feira para tentar salvar a entidade, com o objetivo de não prejudicar o Campeonato Italiano.
“O Parma terminará a temporada graças à ajuda de outros clubes da Serie A”, declarou o presidente da Federação, Carlo Tavecchio.
Caso a justiça declare a falência imediata do clube, o Parma abandonaria a competição e seus adversários ganhariam os jogos por 3 a 0 até o fim da temporada.
Na saída do julgamento, o capitão Lucarelli lamentou o fato da ajuda da Lega e da FIGC ter chegado “tarde demais”, mas garantiu que os jogadores estão dispostos a continuar competindo. “Estamos dispostos a pagar de nosso próprio bolso a viagem até Gênova”, declarou, em referência ao duelo contra o Genoa,marcado para o dia 1 de março.
“Estamos dispostos a jogar, mas somente sob tutela judicial”, completou.
A queda do Parma, que na temporada passada comemorou um centenário de vida, é o símbolo do declínio do futebol italiano nos últimos anos.
Quando a Serie A era o melhor campeonato do mundo, nos anos 1990, o Parma era uma das grandes forças do continente.
Nesta década, o clube conquistou três copas europeias (Recopa-1993 e Copa da Uefa em 1995 e 1997), e terminou na segunda colocação do Campeonato Italiano em 1997, a apenas dois pontos da Juventus.
O clube já foi à falência uma vez com o colapso do gigante lácteo Parmalat, ex-proprietário, há cerca de 10 anos. Um escândalo que levou o presidente do Parma na época, Calisto Tanzi, à prisão.
Outros grandes da Itália como o Milan, que já não consegue comprar grandes estrelas, a Inter ou a Roma precisam buscar com frequência injeções de dinheiro (normalmente procedente de fora do país) para poder seguir sobrevivendo e pagando as dívidas, num futebol italiano que parece ir de mal a pior.
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