Sandália de plástico não é nenhuma novidade no mercado. Maior expoente dessa categoria, a Melissa, da Grendene, se tornou um hit de estilo há décadas. Com a boa aceitação do público, somada à facilidade para produzir modelos em escala, o segmento tem crescido de forma sólida e vem atraindo novas marcas. Envolta em uma proposta de conforto, sustentabilidade e acessibilidade, uma das novas sensações é a brasileira Linus. Desenvolvida para solucionar um problema pessoal da fundadora Isabela Chusid, que precisava de um calçado com suporte para as curvas de seus pés, as sandálias da marca já desfilaram na semana de moda de Nova York. Agora com loja própria e um design que valoriza o estilo consagrado pelas clássicas sandálias da grife alemã Birkenstock, o objetivo de Isabela para este ano é dobrar o faturamento das vendas no atacado.

A marca foi criada em 2018 com um investimento próprio de pouco mais de R$ 50 mil. A ideia era congregar em um único produto vários requisitos dos novos tempos. Ser nativa digital, vegana, atemporal, agênero, sustentável — por ser produzida com PVC ecológico, ser carbono negativo e ter o selo eureciclo, que garante compensação de todo o plástico e papel que a empresa utiliza. Além, claro, de ser confortável. Pode até parecer que Isabela pegou uma cartilha de valores das novas gerações e aplicou à sua empresa, não fosse ela própria porta-voz dessas causas. “A gente faz tudo de uma forma extremamente genuína”, disse. “Existem outros players se inspirando na gente. Não apenas quanto ao produto, mas na forma como nos posicionamos.”

UM DESENHO, MUITOS TONS Sandálias da Linus foram criadas por Isabela Chusid (acima) para serem atemporais e agênero. Em modelo único, a variação está apenas na paleta de cores. (Crédito:Divulgação)

URUGUAI Além da venda no site, a Linus tem uma loja física em São Paulo e está presente em mais de 170 pontos de venda no Brasil por meio de parceiros multimarcas, o que faz com que a venda no atacado represente 45% do faturamento. A expansão também acontece em território estrangeiro. O site internacional vende para 130 países, e as sandálias são vendidas em 16 lojas no Uruguai. De acordo com Isabela, isso é resultado do trabalho de consolidação da marca. “Estamos fazendo o bolinho crescer de forma mais orgânica. Isso faz muito sentido, porque às vezes até antes do produto a marca já chegou lá”, disse.

Além das sandálias, que variam em cores, mas não em formato, o futuro é promissor. Segundo a criadora, a Linus não é uma empresa de calçados, mas sim de lifestyle sustentável, o que abre espaço para que novos produtos sejam criados e lançados. “As possibilidades são enormes e a força da nossa marca permite isso”, disse. Sem passar por rodadas de captação ou investimentos externos, a marca vem caminhando com seus próprios pés, um passo de cada vez.