O chanceler alemão Gerhard Schröder tentou relançar a economia do país cortando garantias trabalhistas e fazendo privatizações. Descobriu, na semana passada, que a estratégia pegou mal. Ele viu o seu partido Social-Democrata ser derrotado nas eleições do Estado mais rico e industrializado da Alemanha, a Renânia do Norte, e ficar com a maioria parlamentar ameaçada. Abatido, Schröder foi às câmeras anunciar a antecipação das eleições parlamentares para 18 de setembro ? um ano antes do previsto. ?Essa derrota põe em dúvida a capacidade de atuação do governo?, afirmou Schröder. ?Precisamos de apoio claro para dar continuidade às reformas essenciais para assegurar o crescimento da economia?. As bolsas européias ? em especial a de Frankfurt –, subiram vertiginosamente diante dos rumores de que o chanceler renunciaria. Os principais setores econômicos da Alemanha, entre eles a Confederação Patronal e a Federação de Fabricantes de Automóveis, apoiaram a convocação das eleições. ?Essa é uma boa notícia para o processo de reformas?, disse à DINHEIRO Dirk Schumacher, economista do Goldman Sachs. ?Se não fosse essa atitude, encararíamos 16 meses de um governo medíocre?.

Há três anos, Schröder vem tentando impor o seu pacote de reformas sociais, apelidado de Agenda 2010. Formuladas por czares da indústria alemã, como o ex-presidente da Volkswagen Peter Hartz, as medidas atacam de frente o antológico sistema de bem-estar social inaugurado por Otto von Bismarck, no segundo Reich, e consolidado pelo chanceler Konrad Adenauer, no pós-guerra. Nele figuram os aumentos da jornada de trabalho, do limite de idade para aposentadoria e da contribuição previdenciária. No aspecto fiscal, a agenda de Schöroder reduziu alíquotas de imposto de renda e privatizou bens estatais. Tudo isso apostando num crescimento de 0,6% da economia. Chegou a economizar 7,8 bilhões de euros, mas o PIB não subiu mais que 0,2% no ano passado. ?Cada dia a menos desse governo será um dia melhor para a Alemanha?, disparou Angela Merkel, líder da União Democrata Cristã e principal rival do chanceler. Os alemães descontentes com Schröder acham que ele promoveu uma desconstrução das garantias sociais sem oferecer alternativas.

Última saída
Eleição convocada para setembro selará o destino dos social-democratas

 

Pacote indigesto
A agenda 2010 de Schöreder instituiu o aumento da jornada de trabalho, elevação da idade para aposentadoria e mais contribuição à previdência social

Derrota marcante
Na eleições parlamentares na Renânia, o Estado mais rico e industrializado do país, partido do chanceler saiu derrotado e com maioria ameaçada