Na sala onde o executivo americano James Rogers recebeu a reportagem da DINHEIRO, em um hotel de luxo em São Paulo, um minúsculo pato verde repousa, quase sem ser notado. Rogers, presidente mundial da fabricante de produtos químicos Eastman Chemical Company, pega o exemplar de plástico e explica. 

“Para nós, crescer é também pensar em sustentabilidade”, diz Rogers. “E esse é o motivo pelo qual este patinho está aqui.” Feito com um plastificante sem ftalato, substância considerada nociva à saúde e proibida em diversos países do mundo, o pato  representa um posicionamento que a companhia quer reforçar: produzir produtos considerados verdes. 

 

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“Temos de crescer mais e o que precisamos é de ativos na América Latina “

James Rogers, CEO da Eastman 

 

Além dele, a empresa desenvolveu uma série de insumos que são menos nocivos à saúde das pessoas, como o plástico livre de bisfenol-A (BPA), composto proibido em mamadeiras na Europa e no Canadá, por ser considerado tóxico. A meta da companhia que é dois terços da receita de novos produtos venha daqueles desenvolvidos de forma sustentável.

 

Em sua segunda visita ao Brasil como presidente da companhia, Rogers tem também outro objetivo: aumentar a presença da Eastman, que faturou globalmente US$ 5,8 bilhões em 2010, no mercado brasileiro. Dinheiro não deve ser o problema para que o executivo consiga atingir essa meta. 

 

A companhia conta com US$ 1,5 bilhão para novos investimentos na Ásia, Europa e América Latina. “Para o Brasil, será destinada uma quantia significativa”, diz Rogers, sem especificar o valor. É fácil entender o interesse pelo País por parte do presidente da Eastman. 

 

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Com forte crescimento econômico, a indústria local tem requisitado mais insumos químicos. No ano passado, o faturamento do setor químico brasileiro cresceu 30%, atingindo US$ 130 bilhões, de acordo com a Abiquim, entidade que representa as empresas da área.

 

A Eastman quer absorver parte dessa demanda com sua gama de produtos, que variam desde insumos para flexibilizar plásticos duros, a fibras industriais, derivados de celulose, filtros de cigarro e aditivos para tintas. “Somos fortes nos EUA, Europa e Ásia”, afirma Rogers. 

 

“Mas temos de crescer mais e o que precisamos é de ativos na América Latina.” A Eastman, que se tornou uma companhia independente em 1994, quando se separou da fabricante de máquinas fotográficas Kodak, já opera uma fábrica no México. 

 

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Para Rogers, o ideal seria fabricar também no Brasil, por conta do potencial do mercado local. “Sem dúvida, o Brasil é a grande potência da região”, afirma. Além disso, o País poderia servir como um centro para exportar a outros países da América do Sul. 

 

Sem revelar detalhes, Rogers diz que há uma série de alternativas sobre a mesa. O executivo não descarta uma joint venture com companhias locais. Mas diz que, no momento, avalia aquisições de empresas de médio e pequeno porte para começar a produzir. 

 

“Não estamos pensando em comprar algo grande e dizer ‘pronto, acabamos nosso trabalho por aqui’”, diz o presidente da Eastman. A companhia contratou uma pequena butique de investimento, para auxiliá -la na identificação empresas que possam ser adquiridas.

 

“Eles podem ter dificuldade para encontrar bons alvos”, diz Miguel Abdo, diretor da consultoria especializada em fusões e aquisições Naxentia. Segundo Abdo, o mercado químico local é bastante pulverizado, com muitas empresas de nicho. 

 

A rival americana Polyone, por exemplo, adquiriu as brasileiras Uniplen e a Polimaster, no passado, por US$ 34 milhões e US$ 4 milhões, respectivamente. Segundo estudo do serviço de informações de fusões e aquisições Mergermarket, o setor industrial e químico foi o quarto mais ativo em compras e vendas de ativos no ano passado, com 59 transações, totalizando US$ 14,3 bilhões.