O anúncio na semana passada de que a fabricante de eletroeletrônicos CCE vai entrar no mercado de computadores chamou a atenção dos outros fabricantes. Eles tentaram entender como a companhia, conhecida por sua ligação direta com as classes C e D, atuará no mundo dos PCs. Há quem enxergue nessa estratégia o início de uma parceria da companhia brasileira com algum grande fornecedor de equipamentos na China, interessado em entrar no mercado brasileiro. Um dos possíveis fornecedores de monitores para a CCE, por exemplo, será a AOC, uma das maiores fabricantes chinesas desse setor. O Brasil é atrativo porque cresce a taxas anuais próximas dos 30% contra a média mundial de 15%. Sobre essa hipótese de uma associação com uma empresa da China, a CCE evitou comentar o assunto e justificou sua nova estratégia como o caminho natural de diversificação de negócios. Fundada há 41 anos, a CCE sempre esteve associada ao binônimo preço baixo e equipamentos sem muita sofisticação. Nos anos 90, a empresa tentou reverter essa imagem e não conseguiu. Foi nesse momento que decidiu vender a sua linha de refrigeradores e se concentrar em produtos de alto valor agregado como a linha de som e televisores. A entrada no mundo dos PCs, onde as margens são mínimas e o negócio só deslancha em grandes volumes de vendas, é um novo desafio para a CCE. Entre os fabricantes nacionais, o grupo Positivo, do Paraná, é um dos maiores casos de sucesso nessa área. Ao montar uma parceria estratégica com a rede de varejo Casas Bahia, o Positivo conseguiu, por exemplo, vender mais de 80% de todas as licenças no mundo do Windows Starter Edition, a versão mais barata do sistema operacional da Microsoft. É essa máquina de vendas que a CCE vai enfrentar. “Teremos produtos com preços compatíveis aos da concorrência”, diz Cristina Perroni, gerente de marketing da CCE. Além de alimentar o mercado brasileiro, a empresa começará simultaneamente o processo de exportação das máquinas.