04/09/2002 - 7:00
A empresa de tecnologia americana Hewlett-Packard está muito longe de se parecer com uma agência de publicidade, mas o seu próximo passo irá se assemelhar em muito com uma regra do mundo da propaganda: boas idéias devem ser copiadas. A HP estrutura um projeto para alcançar o mercado das pequenas e médias empresas no Brasil. São mais de 200 mil potenciais clientes que as grandes marcas do setor de tecnologia nunca deram a importância merecida. É algo muito parecido com o que acontecia com as classes C e D, que não tinham computadores baratos até a iniciativa do grupo Silvio Santos, da Microsoft e de outros fabricantes de vender máquinas mais em conta na promoção do ?PC do Milhão?. Essa campanha foi um sucesso e 58 mil PCs foram comercializados a preços abaixo do mercado graças à divulgação dessa promoção no programa diário de perguntas do apresentador e dono do SBT.
Agora, a HP tem planos de fazer sua versão do ?PC do Milhão? do mundo corporativo. Os seus equipamentos e softwares ficarão até 15% mais baratos e serão vendidos por uma linha de crédito subsidiada pela empresa. ?É um mercado extremamente sensível a preço?, diz Karen Bitran, analista do IDC, um instituto de pesquisas em tecnologia. A intenção da HP é espalhar toda a sua linha de produtos, de computadores de médio porte até o sofisticado computador de mão iPaq. O que a HP nunca tinha conseguido até então era formar um
time de vendas capaz de chegar de forma organizada a esse mundo dos pequenos, mas uma parceria com a Microsiga, que produz softwares gerenciais, deverá resolver o problema. ?Não podemos ficar de fora desse mercado?, afirma o presidente no Brasil da HP, Carlos Ribeiro. Por esse acordo, a Microsiga montará dentro da sua estrutura de vendas com 2 mil pessoas, um ?exército HP? com 250 consultores. Ao longo de seis meses, eles serão treinados pela companhia americana para sair a campo e ajudar na venda de máquinas. A batalha mais imediata será junto aos 5 mil clientes da Microsiga. ?Vamos muito mais longe?, afirma Laércio Cosentino, presidente da paulistana Microsiga.
Esse movimento da HP faz sentido na atual estrutura do mercado de tecnologia. Grandes empresas que até o ano passado eram grandes compradoras de tecnologia já não abrem o caixa com tanta facilidade. No caso das pequenas e médias empresas a história é outra. A maior parte delas está mal equipada e não depende do bem-estar da economia mundial para decidir o destino de suas receitas. Assim, como no caso de Silvio Santos e Microsoft, os pequenos saem ganhando.