Ela reina nos EUA como a principal marca de artigos esportivos, patrocina os mais badalados atletas, e está nos pés da maioria dos jovens americanos. Mas justamente no esporte mais popular do mundo, o futebol, a Nike sempre amargou derrotas para sua arqui-rival, a Adidas, dona de 30% desse mercado específico. Na semana passada, porém, a Nike iniciou um ataque que pode significar a virada histórica nesse jogo. Por US$ 582 milhões, abocanhou 25% da inglesa Umbro, especializada em artigos para futebol, e se tornou sua principal acionista. Com o negócio, a Nike pretende, nos próximos três anos, ultrapassar a marca alemã e chegar a 35% de participação. A negociação foi anunciada na terça- feira 23 e fez com que as ações da Umbro se valorizassem 14,4% em apenas um dia. A rápida subida foi resultado, principalmente, da alta oferta feita pela Nike, que supera em 61% o valor de mercado da inglesa.

Para o CEO da Nike, Mark Parker, o preço salgado é justificável. ?A Umbro é uma marca com tradição muito forte e profunda experiência no esporte mais popular do mundo?, disse o executivo em conferência ao anunciar a aquisição.

Parker também garantiu que a Nike manterá a independência da Umbro, assim como fez com a Converse, adquirida em 2003. No Brasil, a Umbro acredita que não haverá mudanças. ?Nossa atuação continuará a mesma, mas ficaremos mais fortalecidos pela força e o poderio econômico da Nike?, disse à DINHEIRO o diretor de operações da empresa no Brasil, Paulo César Verardi. Aqui, onde patrocina times consagrados como Santos e Atlético Paranaense, a inglesa fatura R$ 100 milhões anuais e representa 6% da receita bruta global. A formação de grandes grupos de produtos esportivos não é novidade. Ganhou força em 2005, quando a Adidas comprou a norte-americana Reebok, e no início deste ano, quando o grupo francês de luxo PPR levou a Puma. ?O processo de consolidação internacional é inevitável, pois há muito capital disponível para aquisições. Se a Nike não comprasse, alguém o faria?, explica Jaime Troiano, diretor da Troiano Consultoria de Marca. Capital é o que não falta para a norte-americana. Seu faturamento com produtos ligados ao futebol saltou de US$ 40 milhões em 1995 para US$ 1,5 bilhão em 2006. ?A Nike precisava de uma marca em seu portfólio que fosse mais direcionada ao futebol?, pondera Troiano. Considerada pelo mercado de produtos esportivos especializados como uma marca massificada, a Nike agora tem as armas para disputar a arena futebolística com a Adidas. Se haverá vitória, a Copa 2010 dirá.