O sorteio dos grupos em Leipzig, na sexta-feira, 9 de dezembro, é o pontapé inicial de uma Copa do Mundo recordista. Nunca, na história dos mundiais, tanto dinheiro terá sido movimentado ao redor do evento. As cifras são nítidas: 10 bilhões de euros serão injetados na economia da Alemanha, em uma expansão de 0,5% do PIB do país. Pelo menos 3 bilhões de euros chegarão à terra de Franz Beckenbauer, entre 9 de junho e 9 de julho de 2006, levados pelos turistas.

Somente a cerimônia de inauguração do torneio, no Estádio Allianz Arena de Munique, recém construído, consumirá 20 milhões de euros. Haverá 30 bilhões de pessoas diante da TV, em todo o planeta, ao longo de 64 jogos. Tudo é superlativo – inclusive o medo de cancelamento do Mundial, em decorrência de ameaças terroristas. Em vez de contratar uma apólice de seguro tradicional, o comitê organizador firmou convênio com o Credit Suisse First Boston de modo a emitir 226 milhões de euros em papéis de empresas como garantia caso a competição vá para o vinagre, o que muito dificilmente acontecerá.

Pode-se olhar para a Copa de modo essencialmente econômico ? como se o futebol explicasse as discrepâncias de PIB. O Brasil é o número 1 do ranking da Fifa, posição que retrata as artes da bola no país pentacampeão. Numa outra listagem, contudo, a do Índice do Desenvolvimento Humano, o IDH, estabelecido pela Unesco para medir as diferenças sociais, o Brasil ostenta um vergonhoso 63o lugar, atrás de Trinidad Tobago e Costa Rica. No rol da Fifa, Trinidad aparece apenas na posição de número 51. Há exceções como a Austrália, a nação classificada para a Copa com melhor desempenho no IDH, em terceiro lugar, mas ruim de doer no gramado (49º lugar).

O Brasil também é exceção, na medida em que goleia depois do apito e é goleado no cotidiano. Quase sempre, contudo, a pobreza nas ruas significa pobreza dentro das quatro linhas. Angola e Costa do Marfim são líderes desse ranking às avessas. Os dois países africanos estão lá embaixo no IDH (160º e 163º postos, respectivamente) e no fundo do poço também junto à Fifa. Angola, entre os 32 classificados para 2006, está no último lugar da bola. São cifras que não determinam o resultado do Mundial, mas ajudam a oferecer uma visão diferente à paixão global.

Rankings

O RANKING DA FIFA
1. Brasil
2. República Checa
3. Holanda
4. Argentina
5. França
6. Espanha
7. México
8. EUA
9. Inglaterra
10. Portugal
12. Itália
14. Suécia
15. Japão
16. Alemanha
19. Irã
20. Croácia
21. Costa Rica
23. Polônia
28. Tunísia
29. Coréia do Sul
30. Paraguai
32. Arábia Saudita
36. Suíça
37. Equador
40. Ucrânia
41. Costa do Marfim
47. Sérvia e Montenegro
49. Austrália
50. Gana
51. Trinidad e Tobago
56. Togo
62. Angola

O RANKING DO IDH*
3. Austrália
6. Suécia
7. Suíça
10. EUA
11. Japão
12. Holanda
15. Inglaterra
16. França
18. Itália
20. Alemanha
21. Espanha
27. Portugal
28. Coréia do Sul
31. Rep. Checa
34. Argentina
36. Polônia
45. Croácia
47. Costa Rica
53. México
57. Trinidad e Tobago
63. Brasil
77. Arábia Saudita
78. Ucrânia
82. Equador
88. Paraguai
89. Tunísia
99. Irã
138. Gana
143. Togo
160. Angola
163. Costa do Marfim

 

62 posições separam o Brasil de Adriano, Kaká e Robinho entre o rol da Fifa e o do IDH da Unesco

US$ 20 milhões é o custo da cerimônia de inauguração do Mundial 2006