07/12/2005 - 8:00
O sorteio dos grupos em Leipzig, na sexta-feira, 9 de dezembro, é o pontapé inicial de uma Copa do Mundo recordista. Nunca, na história dos mundiais, tanto dinheiro terá sido movimentado ao redor do evento. As cifras são nítidas: 10 bilhões de euros serão injetados na economia da Alemanha, em uma expansão de 0,5% do PIB do país. Pelo menos 3 bilhões de euros chegarão à terra de Franz Beckenbauer, entre 9 de junho e 9 de julho de 2006, levados pelos turistas.
Somente a cerimônia de inauguração do torneio, no Estádio Allianz Arena de Munique, recém construído, consumirá 20 milhões de euros. Haverá 30 bilhões de pessoas diante da TV, em todo o planeta, ao longo de 64 jogos. Tudo é superlativo – inclusive o medo de cancelamento do Mundial, em decorrência de ameaças terroristas. Em vez de contratar uma apólice de seguro tradicional, o comitê organizador firmou convênio com o Credit Suisse First Boston de modo a emitir 226 milhões de euros em papéis de empresas como garantia caso a competição vá para o vinagre, o que muito dificilmente acontecerá.
Pode-se olhar para a Copa de modo essencialmente econômico ? como se o futebol explicasse as discrepâncias de PIB. O Brasil é o número 1 do ranking da Fifa, posição que retrata as artes da bola no país pentacampeão. Numa outra listagem, contudo, a do Índice do Desenvolvimento Humano, o IDH, estabelecido pela Unesco para medir as diferenças sociais, o Brasil ostenta um vergonhoso 63o lugar, atrás de Trinidad Tobago e Costa Rica. No rol da Fifa, Trinidad aparece apenas na posição de número 51. Há exceções como a Austrália, a nação classificada para a Copa com melhor desempenho no IDH, em terceiro lugar, mas ruim de doer no gramado (49º lugar).
O Brasil também é exceção, na medida em que goleia depois do apito e é goleado no cotidiano. Quase sempre, contudo, a pobreza nas ruas significa pobreza dentro das quatro linhas. Angola e Costa do Marfim são líderes desse ranking às avessas. Os dois países africanos estão lá embaixo no IDH (160º e 163º postos, respectivamente) e no fundo do poço também junto à Fifa. Angola, entre os 32 classificados para 2006, está no último lugar da bola. São cifras que não determinam o resultado do Mundial, mas ajudam a oferecer uma visão diferente à paixão global.
![]() |
![]() |
62 posições separam o Brasil de Adriano, Kaká e Robinho entre o rol da Fifa e o do IDH da Unesco US$ 20 milhões é o custo da cerimônia de inauguração do Mundial 2006 |