A crise política esvaziou a agenda econômica. Na verdade, a colocou de ponta-cabeça. Não há mais propostas em andamento. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, sumiu. Não tem sequer apoio para encaminhar medidas elementares ao Congresso, que travou a pauta de votações e só planeja retomá-la depois de avaliado o impeachment. Reina o caos na economia e aumenta por esses dias, de maneira vigorosa, o número de empresários que passaram a defender abertamente a saída de Dilma do poder. Entre os pesos-pesados, o assunto não é outro: quando ela sai? Do jeito que está, entendem, não há como seguir adiante. O risco de calote entre empresas, de pequeno, médio e até grande porte aumentou significativamente nos últimos tempos. Pesquisa exclusiva publicada nesta edição da DINHEIRO retrata o drama. Na maior recessão histórica de décadas, a inadimplência paira na produção como um fantasma que traz à reboque desemprego, fechamento de fábricas e cancelamento de investimentos. Uma grande corporação financeira resolveu devolver para a sua matriz cerca de R$ 14 bilhões alocados até então em fundos nacionais. Com Dilma, o mercado já precificou o desastre: disparada das contas públicas, do dólar e dos impostos. E risco iminente de default. Surgiria assim mais uma década perdida! Na soma dos retrocessos, PIB na casa de 8% negativos até o final de 2016, deflação e encolhimento do crédito. Não por menos, esse mesmo mercado começou a festejar a perspectiva de impeachment da presidente como única saída possível. Os investidores já operam de algumas semanas para cá com a opção de mudança de governo e passaram a traçar alternativas. A virada na economia para uma trilha de crescimento seria, na visão deles, quase automática, dada a reversão de expectativas. Definitivamente, Dilma não conta mais com a sustentação do PIB. Se já não tinha da população, agora muito menos dessa turma. Ao contrário, boa parte dos empreendedores e executivos torce e apela para que ela saia o quanto antes. Não há registro recente de tanta resistência de empresários a um presidente. Nem mesmo Collor, que foi deposto, teve tamanha desaprovação junto a esse público. E de maneira tão aberta. Dilma Rousseff arruinou de tal maneira as relações com o setor que será difícil qualquer recostura. Ninguém acredita nela.

(Nota publicada na Edição 958 da Revista Dinheiro)