09/03/2011 - 21:00
O impacto positivo desse resultado sobre a economia ainda está sendo sentido. A indústria que aqueceu as turbinas e decolou em 2010 com um desempenho recorde de 10,1% ainda está desengavetando projetos e correndo atrás de novos investimentos para fazer frente à demanda.
Com a capacidade instalada quase no limite, o parque produtivo brasileiro busca financiamentos para novos projetos. O BNDES divulgou na semana passada que na soma dos desembolsos previstos para os setores industrial, de infraestrutura e construção civil sua carteira de crédito vai lançar no mercado ao menos R$ 1,6 trilhão até 2014.
O número representa um incremento de mais de 60% sobre o volume aplicado nessas mesmas áreas no período entre 2006 e 2009. Tome-se o exemplo de atividades como a automobilística e será possível ter uma ideia do vigor dessa arrancada e da continuidade dela.
Ainda em fevereiro, a venda de carros novos alcançou um valor recorde. Foram comercializados quase 260 mil veículos, cravando assim o melhor resultado para o mês em toda a história do setor. As exportações do País voltaram a crescer mais que as importações nesse mês, registrando um superávit na balança de US$ 1,19 bilhão.
Conclusão: o Brasil está vendendo mais aqui e lá fora. As previsões apocalípticas de que a inflação pode colocar tudo a perder tratam de uma variação do índice dentro do teto da meta.
Essa perspectiva – que de mais a mais foi provocada por medidas de gastos do final do governo passado – parece não estar tirando o sono daqueles empreendedores que enxergam a oportunidade de lucrar com a onda positiva da economia.
É um fato que o investimento privado e a disposição das companhias para continuar desengavetando planos de crescimento aqui dependem cada vez mais da queda nos impostos. A gigantesca carga tributária, de mais de 36% do PIB, cria distorções e compromete a competitividade.
Se o objetivo do governo é manter essa trajetória sustentável de crescimento, incentivando a conquista de mais um “Pibão”, precisa fazer a lição de casa e aprender a gastar menos e cortar mais na própria carne.