21/12/2011 - 21:00
No entender do governo, o Brasil está mais bem preparado agora do que em 2008 para as intempéries de uma crise econômica externa, até pela experiência que adquiriu nessas situações. Os mesmos mecanismos já adotados lá atrás, com bons resultados, para injetar fôlego no mercado doméstico podem ser de novo acionados. De maneira cirúrgica e gradual, como almeja o responsável pelo plano de blindagem da economia, o ministro Guido Mantega. Aos poucos, Mantega já vem lançando mão de instrumentos fiscais e monetários, como a revisão do IPI dos carros e do IOF em algumas operações.
Dentro da estratégia de liquidez não está descartado sequer o uso das reservas cambiais, atualmente da ordem de US$ 350 bilhões, como um colchão financeiro para amortecer a queda de crédito internacional às empresas brasileiras ou que operem aqui. É um volume de recursos bastante confortável, que deve ser escoado não apenas através do Banco Central diretamente aos exportadores como também por meio de organismos multilaterais tipo o BNDES. O fato é que não falta arsenal para a batalha. Mas como gostam de frisar o ministro Mantega e seus auxiliares, a palavra de ordem é calibragem. Qualquer excesso, para um lado ou para o outro, leva a efeitos colaterais indesejáveis, como a quase paralisia da produção que ocorreu no terceiro trimestre do ano devido a medidas restritivas levadas deliberadamente adiante para barrar a inflação.
É possível constatar que, apesar do impasse europeu e dos temores de alastramento da crise, a situação interna está razoavelmente sob controle. A tranquilidade das autoridades nesse sentido está baseada nos indicadores. A geração de postos de trabalho segue em bom ritmo, com expectativa de provocar uma redução ainda maior da taxa de desemprego em 2012. Os investimentos diretos continuam em alta e os fundamentos macroeconômicos estão preservados, com a possibilidade de novas reduções na taxa básica de juros, a Selic. Por todas essas variáveis é que a equipe econômica aposta que o Brasil deverá ter um crescimento acima da média mundial em 2012. Os dados estão lançados.