27/06/2007 - 7:00
LABORATÓRIO DA BRASKEM: local de nascimento do produto, cuja produção chegará a 200 mil tonelladas
A onda verde acaba de chegar a um dos setores mais famintos por petróleo. Com o slogan ?Nosso plástico verde faz o mundo mais azul?, a Braskem, maior empresa petroquímica da América Latina, lançou na quinta-feira 21 o primeiro polietileno produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar. Até agora, a matéria-prima tradicional desse produto era a nafta, um derivado do petróleo.
?O Brasil será para o polímero verde o que o Oriente Médio é para o polímero não renovável?, disse José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, durante a apresentação. A produção em escala comercial está prevista para o final de 2009, quando até 200 mil toneladas sairão das fábricas da empresa por ano. Hoje a Braskem produz 1,8 milhão de toneladas de polietileno a partir do petróleo em suas unidades no Brasil.
O desenvolvimento do plástico verde começou no final de 2005 e já consumiu US$ 5 milhões. No ano passado foi inaugurada a unidade- piloto em Triunfo (RS), com capacidade de produção de dez quilos por hora. Este mês o polietileno verde foi aprovado pelo laboratório Beta Analytic como 100% composto por matériaprima renovável. A empresa também desenvolve pesquisas para obter outros tipos de polímeros a partir do etanol, como o polipropileno.
O novo polímero chegará ao mercado com preços entre 15% e 20% superiores ao do convencional. Grubisich, porém, não acredita que isso lhe tire a competitividade. ?Os clientes estão dispostos a pagar um pouco mais para usar um produto de apelo ecológico, mas com a mesma qualidade e o mesmo desempenho do tradicional?, afirma ele. Além disso, a Braskem reduz os riscos decorrentes das oscilações dos preços internacionais do petróleo.
US$ 5 MILHÕES foi o investimento da Braskem para desenvolver o polímero verde
?Com o etanol teremos mais condições de controlar custos?, afirma Grubisich. Não é de hoje que o Brasil busca desenvolver polímeros a partir do etanol. Na década de 70, nos primórdios do programa Pró-Álcool, a Petrobras chegou a desenvolver uma tecnologia de produção do eteno, matéria-prima do polietileno, a partir de álcool. Não deu resultados. Agora, a Braskem concretizou o sonho daqueles tempos.