Um sopro de esperança varreu o País na quarta-feira, 7 de Setembro. Além dos tradicionais desfiles militares do Dia da Independência, ocorreram auspiciosos desfiles civis. Em vez de tanques e armas, faixas e narizes de palhaço. Em vez de uniformes e rostos camuflados, jeans e caras pintadas. Milhares de cidadãos deram-se ao trabalho de sair às ruas para protestar pacificamente contra a corrupção. Houve ordem e progresso: velhos, jovens e crianças que poderiam curtir o dolce far niente do feriado preferiram gastar saliva e sola de sapato contra a roubalheira e a falta de ética. Organizados por meio de redes sociais na internet, eles coloriram avenidas importantes de capitais e cidades do interior. Para eles, não basta a elogiável “faxina” promovida pela presidente Dilma Rousseff no governo, que culminou com as demissões dos ministros Antônio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e Wagner Rossi (Agricultura), bem como de alguns servidores.  

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Os inconformados querem também afastar os suspeitos do outro lado da Praça dos Três Poderes e de onde mais estiverem drenando os cofres públicos, seja por conta própria, seja em conivência com corruptores privados. A absolvição da deputada Jaqueline Roriz – acusada de receber propina no escândalo do mensalão – pelos colegas da Câmara dos Deputados serviu para manter acesa a tênue chama da indignação popular. É disso que o Brasil precisa: mais indignação. Contra a corrupção, a miséria, os juros escorchantes, a educação de má qualidade, a saúde precária, o autoritarismo, a criminalidade, o tráfico de influência, o caos tributário – a lista é longa. Quando a economia está aquecida e o dinheiro entra mais fácil no bolso (caso da nossa história recente), a indiferença aos escândalos costuma prevalecer, impedindo novos avanços econômicos e sociais. É bom para a Pátria que a presidente e a população estejam indignadas com as mazelas da República. Que esse sentimento faça a diferença no dia a dia do governo e nas próximas eleições.