Na década de 80, o aspirante a ator Mel Columcille Gerard Gibson costumava beber cinco cervejas antes do café da manhã. Não raro se metia em confusões e acabou preso ao ser pego dirigindo embriagado. Hoje, aos 48 anos, o ex-rebelde, conhecido no mundo artístico como Mel Gibson, aparece como a personalidade mais influente do showbusiness americano. O título deve-se aos US$ 210 milhões embolsados com o polêmico A Paixão de Cristo, que lhe custou ?apenas? US$ 30 milhões e já faturou US$ 600 milhões nos cinemas de todo o mundo. Gibson é, de fato, uma máquina de fazer dinheiro. Em 23 anos de carreira ele estrelou 33 filmes que renderam US$ 2,15 bilhões aos estúdios de Hollywood. O mais bem-sucedido deles, Sinais, lançado em 2002, gerou bilheteria de US$ 227,9 milhões. Ao mesmo tempo em que ajudava a engordar os lucros dos estúdios, Gibson foi aprendendo os macetes do intrincado mundo da Sétima Arte. Em 1988 ele se juntou ao veterano produtor Bruce Davey para fundar a Icon Productions, embrião de um grupo de empresas de entretenimento batizado de Icon Entertainment, sediado em Londres e cuja presidência é exercida por Davey.

 

O sucesso de Gibson está diretamente ligado à sua ousadia. Em 2000, ele desafiou a 20th Century Fox ao exigir o cachê recorde de US$ 25 milhões, para viver um herói da independência dos Estados Unidos em O Patriota. Com os ganhos obtidos em Hollywood ele fortaleceu seu negócio. Montou uma filial na Austrália, país onde passou parte da juventude, e aumentou o ritmo de produções e co-produções, iniciadas com Hamlet ? dirigida por Franco Zeffirelli e estrelada por Gibson. A lista também inclui O Homem sem Rosto (seu primeiro trabalho
como diretor), o premiado Coração Valente, Airborne e Eternamente Jovem.

Assim como a maioria de seus personagens (detetive, guerreiro medieval e comandante de tropas no Vietnã), Gibson é implacável na hora de fazer negócios. Está peitando o bilionário americano Philip Anschutz, dono da poderosa distribui-
dora Regal Entertainment, que controla seis mil cinemas espalhados pelo mundo.
Ele acusa a empresa de não cumprir o contrato de distribuição de A Paixão de Cristo, que previa o pagamento de 55% do total arrecadado na bilheteria e não os 34% repassados até agora. Como compensação pede US$ 40 milhões. Pelo visto, é bom Anschutz não bobear. É que Gibson aceitou fazer o quarto filme da série Mad Max, iniciada por ele em 1979, na qual interpreta um pistoleiro do futuro com sede de vingança. E hoje qualquer filme que leve sua assinatura é sério candidato a se
tornar um campeão de audiência.