Todo o poder que o dinheiro é capaz de lhe dar foi insuficiente para o magnata italiano Silvio Berlusconi. Dono de um fortuna estimada em US$ 13 bilhões e de um império que inclui as três principais emissoras de televisão da Itália, jornais e até um popular time de futebol, o Milan, há pelo menos duas décadas ele tem uma das vozes mais influentes do país. Mas nunca se satisfez com isso. Do alto de sua megalomania, ele só se sentirá realizado se nas eleições do próximo dia 13 seus compatriotas derem a vitória à coalizão de centro-direita que lidera ? e, por conseqüência, lhe outorgarem o posto de primeiro-ministro, o mais importante da hierarquia política. ?Estou prestando um favor ao meu país?, afirma Berlusconi, que não costuma levar a modéstia nos bolsos de seus ternos caríssimos nem mesmo na hora de pedir votos. ?Não preciso estar no gabinete para ter poder. Tenho casas em todo o mundo, barcos estupendos, aviões belíssimos, uma mulher maravilhosa, uma linda família?, afirma.

O que Berlusconi não tem ? e o que busca nas urnas ? é o respeito dos italianos. Suas grandes tacadas nos negócios e na política sempre foram cercadas de uma névoa de suspeitas. Não por acaso, o grupo Fininvest, que reúne as empresas de Berlusconi, foi um dos principais alvos, no início dos anos 90, da operação Mãos Limpas, uma megainvestigação de casos de corrupção e mal uso do dinheiro público em toda a Itália. Em 1994, ele chegou a ser alçado a primeiro-ministro, mas o clima político instável e uma grave crise econômica fizeram com que seu governo durasse apenas sete meses. Berlusconi submergiu, mas jamais perdeu a pose. Agora, na sua nova aventura eleitoral, lidera as pesquisas de opinião, mas tem dificuldade de convencer boa parte do eleitorado de que conseguirá separar negócios e política. A oposição ? e mesmo alguns correligionários ? tem-no aconselhado a abrir mão do controle das empresas na área de mídia para provar que não usará do poder em benefício próprio. O bilionário australiano Rupert Murdoch ? de quem Berlusconi já comprou um iate ? ficaria com até 30% da Mediaset, a holding que reúne os canais de TV, pagando com ações da News Corp. Publicamente, Berlusconi não admite nem falar do assunto. ?A política já me tirou muitas coisas?, afirma. ?Eu fui o empresário que mais punições recebeu em toda a história da república. Será que eu ainda devo tirar dos meus filhos o fruto do meu trabalho??.