Francis Ford Coppola já inscreveu seu nome na história como o diretor de obras-primas do porte de O Poderoso Chefão, Apocalypse Now e A Conversação. São filmes que lhe garantiram prestígio e prêmios. Muitos prêmios. Foram cinco Oscars antes mesmo de completar 40 anos. O talento para escrever roteiros e comandar o set de filmagem não se refletia, contudo, em sucesso financeiro. Tanto isso é verdade que ao longo de sua carreira, iniciada em 1962, Coppola sofreu inúmeros tropeços. O maior deles ocorreu em 1982, após o fracassado O Fundo do Coração. A comédia musical rendeu mísero US$ 1 milhão nas bilheterias americanas e deixou de herança um rombo de US$ 30 milhões. Montante suficiente para causar a falência de seu estúdio, o American Zoetrope. Para dar a volta por cima, Coppola teve de deixar o orgulho de lado e engavetar os trabalhos autorais e criativos para dirigir e produzir filmes sob encomenda. Essa trilha foi percorrida durante 15 anos e culminou com O Homem que Fazia Chover, lançado em 1997. Mas, além de fazer projetos caça-níqueis, o cineasta cuidou de arrumar seu patrimônio. Sob o manto da Francis Ford Coppola Presents (FFC Presents), ele vem dando mostras de que também é capaz de brilhar na ribalta do mundo dos negócios. A lista de empresas inclui uma vinícola, hotéis, restaurantes, além de marcas de macarrão, molho de tomate, azeite de oliva e uma revista de arte, a Zoetrope: All-Story. No total, esses empreendimentos rendem cerca de US$ 300 milhões por ano ao dublê de cineasta e empresário.

Em recente entrevista ao jornal francês Le Monde, ele deu uma pista do tamanho de seu sucesso no mundo corporativo. ?É incorreto dizer que sou rico. Na verdade, sou imensamente rico?, declarou. E é graças aos ganhos empresariais que o Coppola cineasta está reemergindo no mundo da sétima arte. O primeiro da nova safra é Youth Without Youth (Juventude sem Juventude), adaptação de um romance do escritor romeno Mircea Eliade. E não pára por aí. Coppola está prestes a começar a rodar o autobiográfico Tetro, que conta a história de uma família da Sicília (Itália) que emigrou para a Argentina. Criado em um bairro de classe média alta em Detroit (Michigan ? EUA), Copolla teve o suporte financeiro e o incentivo intelectual necessários para desenvolver sua criatividade. O pai, Carmine, foi flautista de grandes orquestras como a Toscanini?s NBC Symphony Orchestra. A mãe, Italia Penino, era atriz de cinema. A veia empresarial, contudo, foi forjada ao longo de acertos e tropeços nas décadas de 80 e 90. Em cada um dos negócios está a marca da paixão.

“É incorreto dizer que sou rico. Na verdade, sou muito rico?

O primeiro deles foi a rede de hotéis, criada em 1993. São três unidades (Turtle Inn, Blancaneaux Lodge e La Lancha Resort) situadas em cenários paradisíacos da Guatemala e de Belize. Os hotéis combinam luxo e ostentação na medida certa. A diária mais elevada chega a US$ 2 mil, e não inclui uma refeição sequer. Na seqüência vieram os restaurantes Zoetrope e Rosso & Bianco, nos quais tem como sócios amigos de longa data, como Robert De Niro, Robin Williams e o restaurateur Drew Nieporent. Em 1995, Coppola desembolsou US$ 10 milhões para ampliar a fazenda da Califórnia (EUA), expandindo sua divisão de bebidas, a Niebaum- Coppola. É lá que são produzidas jóias raras, como o FC Reserve, o Director?s Cut, o Rosso & Bianco e o Sofia, em homenagem à sua mulher. Para lembrar os ?sabores da infância?, Coppola criou uma linha de molhos e massas, a Marmarella. Até agora, todos eles vêm se revelando um grande sucesso de público, de crítica e, claro, financeiro, digno de render vários prêmios Oscar.