Warren Buffett, terceiro homem mais rico do mundo e o maior investidor em ações, vem sendo um crítico ácido da política fiscal americana. Segundo ele, em termos percentuais, seu acerto anual com o Leão ianque é muito menor que o dos funcionários que trabalham na Berkshire Hathaway, sua empresa de investimentos. No entanto, a compra da fabricante de pilhas e baterias Duracell, adquirida da Procter & Gamble (P&G) na quinta-feira 13, justifica-se pelo desejo do magnata de pagar menos impostos.

Buffett é o quinto maior investidor da Gillette, empresa cujas ações começou a comprar no fim dos anos 1980. Em 2005, a Procter adquiriu o controle da Gillette em uma transação de US$ 57 bilhões, o maior “takeover” da história até então. Na transação veio a Duracell.

Desde então, os resultados da fabricante de baterias têm sido bons, mas há dois pontos que desagradam os acionistas da Procter: as perspectivas de crescimento da Duracell são diminutas e há pouca sinergia com a extensa linha de produtos da P&G, que vem procurando simplificar e reduzir sua estrutura. Assim, há pelo menos dois anos, a Procter vem tentando se desfazer da Duracell.

As hipóteses testadas foram várias. A Procter cogitou, inclusive, a hipótese de transferir para seus acionistas o controle da Duracell. No entanto, a proposta de Buffett foi mais adequada para ambas as empresas. O bilionário possui US$ 4,7 bilhões em ações da Procter, e vai entrega-las à corporação em troca do controle da Duracell. A P&G, por sua vez, vai injetar US$ 1,8 bilhão na Duracell entrega-la ao bilionário.

A vantagem é que Buffett não terá de pagar impostos na permuta. Se fosse vender suas ações da Procter – caras e com menos possibilidade de valorização – o ganho com a venda seria tributado. A troca isenta o bilionário dessa cobrança e coloca no portfólio da Berkshire uma empresa bem ao gosto de Buffett.

A Duracell é uma marca famosa, possui 25% do mercado americano e é bastante conhecida fora dos Estados Unidos, e vende um produto para o qual há pouca concorrência e cujas possibilidades de substituição tecnológica são reduzidas. A marca vai juntar-se a outros nomes conhecidos do consumidor americano já controlados pela Berkshire, como a seguradora Geico, a empresa de doces See’s e a fabricante de camisetas Fruit of the Loom.