Na contramão das expectativas de muitos analistas, no ano em que teve suas regras alteradas e passou a render menos, a caderneta de poupança registrou captação positiva recorde de R$ 49,7 bilhões. Até então, a maior captação anual havia sido verificada em 2010, quando os depósitos superaram os saques em R$ 38,7 bilhões. Em 2012, os depósitos somaram R$ 1,232 trilhão, enquanto os saques foram de R$ 1,182 trilhão. Pelas novas regras, definidas pelo governo federal em maio de 2012, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da Selic, mais a Taxa Referencial. 

 

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Esse novo formato foi aplicado somente quando a Selic, definida pelo Banco Central, atingiu 8,5% ao ano, em 30 de maio, acionando o “gatilho” para a mudança. Pela regra anterior, que vigorava desde 1991, a modalidade não podia render menos de 6,17% ao ano, mais TR. Segundo levantamento da Economática, a poupança ficou entre os investimentos com menor rentabilidade em 2012. Mesmo as cadernetas antigas, que continuaram com a remuneração fixa, renderam 6,47% no ano – menos que a inflação calculada pelo IGP-M, que ficou em 7,82%. Ainda assim, como é isenta do Imposto de Renda e não cobra taxa de administração, a poupança segue mais vantajosa do que muitos fundos de renda fixa e referenciados DI, que perderam com os frequentes cortes da Selic e que, após o desconto de impostos e taxas, têm rendimentos inferiores à caderneta. 

 

“Não é à toa que a poupança tem atraído, inclusive, grandes investidores, o que contribuiu para o aumento do volume aplicado”, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Segundo o especialista, 2012 foi um ano de cautela, com a crise internacional refletindo diretamente na bolsa, o que fez o investidor ser mais conservador e procurar, na poupança, um refúgio. “Para 2013, o cenário não será diferente e podemos ver novos recordes na caderneta”, diz Oliveira. 

 

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