09/08/2006 - 7:00
O celular pré-pago é o responsável pela expansão das operadoras telefônicas no Brasil. Lançado em 1998 para ser uma opção mais acessível aos bolsos dos consumidores de baixa renda, ele se tornou o principal produto da indústria. Dos 91,7 milhões de linhas existentes no País, 80% correspondem ao aparelho no qual o usuário paga antecipadamente por uma cota de minutos. Um produto, definitivamente, popular. Mas, como tudo é uma questão de parâmetros, um outro tipo de cartão pré-pago começa a ganhar destaque no mundo corporativo, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Só que não é um pedaço de plástico qualquer e, ao contrário do modelo usado na telefonia, ele proporciona serviços de luxo.
Trata-se do Marquis Jet Card, um cartão que garante 25 horas de vôo em um jato executivo para quem estiver disposto a desembolsar uma quantia que varia de US$ 116 mil a US$ 320 mil. Preferido entre os executivos das 500 maiores empresas listadas pela Fortune, o produto é oferecido pela NetJets, uma empresa de aviação executiva que pertence ao megainvestidor americano Warren Buffett, o segundo homem mais rico do planeta. ?Eles são pioneiros no setor?, diz Rogério Andrade, presidente da Heli Solutions, companhia de propriedade compartilhada de helicópteros e que pretende partir para o setor de jatos. A NetJets opera uma frota com 600 jatos de propriedade compartilhada. Trata-se de um mecanismo muito usado por empresas no Exterior no qual o avião é vendido em partes. Ou seja, as horas de uso e os custos de manutenção são rateados entre os proprietários. Acontece, contudo, que os gastos com as aeronaves são muito altos ? varia de US$ 25 mil a US$ 250 mil por mês ? e, para otimizar a frota, criou-se o Marquis Jet Card. Assim, as aeronaves permanecem no ar por muito mais tempo, garantem rentabilidade para a companhia e proporcionam conforto para os usuários.
A empresa opera em mais de mil aeroportos, voa todos os dias do ano, e só em 2005 realizou 275 mil viagens. Os 2,8 mil pilotos da empresa têm, em média, nove mil horas de vôo e são treinados por profissionais que já comandaram o Air Force One, o avião particular que transporta o presidente dos Estados Unidos. Além disso, as aeronaves têm uma média de quatro anos de uso, enquanto as outras operadoras do mercado voam com aviões com o triplo da idade.Para voar em um de seus nove modelos de aviões executivos, alguns com sala e até quarto, basta agendar o horário e apresentar o cartão. Entre os modelos disponíveis, encontram-se o Raytheon Hawker 800 XP, o Gulfstream 450 e o Falcon 2000. Os participantes do programa podem ainda fazer parte do M Club, uma espécie de clube fechado no qual só entra quem pagar mais uma taxa de US$ 125 mil. A estes clientes permite-se a regalia de voar no Boeing Business Jet, uma máquina dos ares com espaço para 18 passageiros e que custa mais de US$ 40 milhões. Os donos do Marquis Jet Card também têm direito a descontos e benefícios nos hotéis da rede Exclusive Resorts e ganham passe livre para as salas especiais da Sotheby?s em concorridos leilões. Nunca foi tão bom optar por um produto ?popular?.