13/05/2009 - 7:00
João Pedro tem os estudos garantidos por dois planos de previdência feitos por Ianhez
Se, por muito tempo, a grande questão que afligia os jovens de 18 anos era passar no vestibular, agora as coisas mudaram. Além de ser aprovado, é preciso conseguir pagar. Quem não entra numa universidade pública precisa estar preparado financeiramente para arcar com os pesados custos das instituições privadas de qualidade. A mensalidade das melhores escolas muitas vezes corresponde à renda inteira mensal de uma família de classe média brasileira. Na maioria dos casos este é um problema dos pais. E você, tem ideia de quanto vai custar o canudo de seu filho?
Cursar administração de empresas no Ibmec São Paulo, por exemplo, não sai por menos de R$ 2.450 ao mês. E muitos outros cursos cobram até mais caro (leia quadro). Isso, sem contar os demais gastos com livros, transporte, alimentação. Pais de primeira viagem devem se perguntar como farão para juntar mais de R$ 100 mil (em valores de hoje) pelos próximos 18 anos para garantir um curso completo para seus filhos (cada um). Ou como dispor de uma quantia ainda maior para que eles, digamos, estudem em Harvard, nos Estados Unidos. Felizmente, as instituições financeiras já fizeram essas perguntas e criaram aplicações específicas para a formação dos que acabaram de nascer.
O diretor de arte Joca Ianhez, 37 anos, de São Paulo, escolheu planos de previdência como forma de poupança para os estudos do filho, João Pedro, 7. Ianhez optou por dois. Um para a formação universitária e outro para cursos diversos. “Imprevistos podem acontecer ao longo da vida. Pelo menos os estudos eu quero garantir para o meu filho”, diz. Ianhez aplica mensalmente R$ 60 em cada um dos planos. Ambos são o Prev Jovem, do Bradesco. O dinheiro será “carimbado”. “João Pedro só poderá sacar para pagar os estudos”, afirma. Comprar um carro aos 18 anos, nem pensar. Será? “De jeito nenhum. Só se ele passar em uma universidade pública!”, conta o pai.
Se o garoto quiser ser arquiteto e optar pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Ianhez terá de turbinar suas aplicações e depositar mais de R$ 300 ao mês em um dos planos para conseguir pagar a totalidade dos estudos sem ter que mexer no orçamento mensal. O valor desse curso, hoje, é R$ 2.400 ao mês. Mas ainda é preciso contabilizar o IPCA (índice de inflação que corrige as mensalidades) do período. Quanto mais longe for a formatura, pior. Para um recém-nascido, a mensalidade que hoje custa R$ 2.400, corrigida por um índice hipotético de 6% ao ano por 18 anos, poderá custar R$ 6.850 quando ele entrar na faculdade.
Os pais que optam por planos de previdência ou poupança para a universidade dos filhos são poucos. Além disso, começaram seu planejamento recentemente. “Vivemos um momento diferente. Hoje, ter uma renda no futuro para pagar uma mensalidade é mais palpável. E poupar R$ 150 ao mês permite o pagamento de R$ 1.500 mensais por quatro anos. Isso era inimaginável na época da inflação elevada”, afirma Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do Grupo Santander. Desde 2007, o banco realiza palestras em empresas para falar sobre planejamento financeiro para a educação universitária. Entre 2007 e 2008, o número de participantes desse tipo de palestra cresceu 71%. “Hoje, é possível ter uma expectativa sobre o futuro. Antes não era”, diz Jurcevic.
Poupar hoje R$ 150 por mês garante R$ 1.500 mensais por quatro anos no futuro
A família Bellini: “No momento em que eles precisarem, já estarão com a faculdade paga”, diz o pai, Antônio, sobre os filhos, Manuela e Adriano
E foi justamente isso que fez o produtor cultural Antônio Bellini buscar nos planos de previdência uma forma mais segura para custear a universidade de dois de seus filhos, Manuela, 13, e Adriano, 9. “Tenho 50 anos e dois filhos que já estão na faculdade. Quando os mais novos passarem no vestibular, terei 60 anos. Ninguém sabe o que pode acontecer até lá. E, no momento em que eles precisarem, já estarão com a faculdade paga”, diz Bellini. Ele optou pelo plano Super Filhos, do Grupo Santander, no qual investe R$ 500 mensais para Manuela e R$ 300 para Adriano. “Sempre faço planejamento de tudo e sei que, no longo prazo, a gente nem sente”, conta. Os planos de previdência têm uma vantagem – e cobram por isso – em relação à poupança tradicional: caso o pai venha a falecer antes do prazo estipulado de contribuição, o filho tem o recurso integral garantido lá na frente. E ainda podem receber um pecúlio adicional, uma soma em dinheiro que irá ajudar a família num primeiro momento.
Alguns pais sonham em proporcionar algo mais ambicioso aos filhos. Estudar em Harvard, Yale e Princeton, nos EUA, ou Cambridge e Oxford, na Inglaterra, são alguns dos clichês. Mas, sem bolsa de estudos, custam bem mais que as faculdades mais caras do Brasil. Cursar o college (o equivalente aos quatro primeiros anos de faculdade) em Harvard, no mesmo campus onde estudaram alguns dos mais célebres presidentes americanos, como Franklin Roosevelt, John Kennedy, Barack Obama e até mesmo (acredite!) George W. Bush, custa a interessante quantia de R$ 298,1 mil somente de taxas para a universidade, sem contar livros, moradia e seguros exigidos pelo sistema de educação americano. Nesse caso, a melhor alternativa é escolher um fundo cambial na moeda da faculdade em que o rebento estudará.
Quatro anos em harvard podem custar quase R$ 300 mil em mensalidades, fora a moradia
Quem optou por essa forma de poupança em 2008, agora sorri. Com a alta do dólar, esses fundos tiveram mais de 30% de rentabilidade nos últimos 12 meses. Algo bem superior ao rendimento da previdência. No entanto, se o objetivo é apenas garantir a educação da prole, não se deslumbre com tanta rentabilidade. A dica quem dá é o professor de Finanças da FEA-USP Keyler Carvalho. “Fundos cambiais são ideais para educação no Exterior e viagens, pois você junta dinheiro na mesma moeda da conta que irá pagar. Agora, como investimento especulativo, nem pensar”, adverte. A pergunta que resta é: o que o seu filho irá querer estudar?