27/10/2004 - 7:00
Para quem começou a ?carreira? empresarial varrendo o chão de uma pequena marcenaria, o arquiteto Antonio Setin até que foi bem longe. Trinta e cinco anos depois, ele comanda (ao lado dos irmãos Rubens e Valdemar) a Setin Empreendimentos Imobiliários, que movimenta R$ 200 milhões. O crescimento deve-se a boas tacadas, como a longa e rentável parceria com o Grupo Accor, um dos gigantes mundiais da hotelaria, para o qual já construiu 17 empreendimentos onde tremulam as bandeiras Gand Mercure, Ibis e Formule 1. Mas em vez de continuar ?colado? no apetite expansionista dos franceses, Antonio resolveu dar uma guinada na trajetória da Setin. Na última semana, ele anunciou o lançamento do primeiro conjunto de edifícios residenciais ecoeficientes do Brasil. São 1.172 apartamentos divididos por 10 torres em seis bairros de São Paulo. O valor total de venda é estimado em R$ 136 milhões. ?Seremos uma referência nesse setor?, aposta o nada modesto Antonio Setin.
Batizado de Mundo Apto, o projeto tem um perfil nada convencional. As caixas de descarga e o reservatório para regar plantas e limpar o pátio vão ser abastecidos com água reciclada, coletada nos chuveiros e lavatórios. Um sistema híbrido de energia solar e gás garantirá o banho quente. Também haverá coleta seletiva do lixo. Desse modo, será possível economizar 35% no consumo de água e até 82% no gasto para aquecer a água. Tudo isso sem onerar o valor do imóvel ou o custo de construção. ?Vamos trabalhar com preço na média do mercado (a partir de R$ 115 mil)?, garante. O modelo é bem-visto até pela concorrência: ?É um prédio muito interessante?, avalia Hugo Marques da Rosa, presidente da Método Engenharia e integrante do board do Greenpeace. ?Introduzir a questão da sustentabilidade em moradias é uma tendência novíssima no mundo.? A Setin é a pioneira no continente na obtenção da certificação ambiental, o ISO 14001.
Além de sair da área hoteleira para, digamos, voltar às origens (ele começou construindo sobrados para classe média), Antonio explica que também irá em busca dos consumidores de altíssimo padrão. ?Não se deve colocar todos os ovos em uma única cesta?, argumenta. Para esse público serão lançados dois edifícios até o final do ano. O valor inicial de cada apartamento irá de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões, respectivamente. Com isso, ele espera que as receitas da companhia sejam divididas da seguinte forma: 50% com prédios ecológicos, 30% com imóveis de luxo e o restante no ramo hoteleiro.