24/04/2002 - 7:00
A tradicionalíssima Hugo Boss, número um do mundo em vestuário masculino de luxo, tomou gosto de vez também por saias e vestidos. A empresa alemã anunciou na última semana que vai abrir 57 novas lojas Boss Woman em 2002 ? uma delas no Brasil. Elas se juntarão às 56 existentes na Europa e Estados Unidos, mas o foco agora são os mercados asiático e sul-americano. Não é difícil explicar tamanho apetite: a marca feminina opera há apenas dois anos e já responde por 5% do faturamento global da Hugo Boss, que foi de 1,1 bilhão de euros no ano passado (crescimento de 19% sobre 2001). O objetivo é triplicar as vendas da Boss Woman até 2005. Para isso, a companhia se apóia numa realidade bem conhecida do mercado da moda: em empresas que têm coleções unissex, a parte feminina sempre responde por 60% do negócio. Espaço para crescer é o que não falta. ?O mercado brasileiro é um dos pontos-chave dessa arrancada?, diz Claus-Dieter Reinhardt, diretor de marketing da Hugo Boss do Brasil.
A primeira loja Boss Woman do País será inaugurada no segundo semestre, no Rio. Provavelmente no Fashion Mall, o shopping dos endinheirados cariocas. Atualmente, as brasileiras que aprenderam a gostar da Boss espiando no guarda-roupa do marido não têm espaço exclusivo para fazer suas compras. Precisam ir à única global store da empresa na América Latina, que fica em São Paulo. Lá, escolhem blusas e vestidos ao lado de ternos e sapatos 44. ?Mesmo assim, 80% de quem compra pela primeira vez acaba voltando?, conta Reinhardt. Ele ressalta que, num primeiro momento, o plano para a Boss Woman no Brasil é aumentar a oferta de acessórios, como bolsas, óculos e sapatos. As peças virão de Milão, base da confecção Boss Woman.
E pensar que essa reviravolta nos negócios começou
de uma maneira um tanto inusitada. Em 1998, a empresa patrocinava o piloto finlandês de Fórmula 1 Mika Hakkinen. Em suas incursões às lojas da Boss, ele carregava a tiracolo a mulher Erja Honkanen. Um belo dia, ela levou um suéter e uma calça. Sim, peças masculinas, pois fazer roupas para mulheres não estava nem nos sonhos dos alemães. Mas elas caíram tão bem em Erja que outras ?senhoras Fórmula 1? quiseram experimentar. Nasceu aí a idéia de criar a Boss Woman.
A Hugo Boss tem 520 lojas espalhadas em 105 países. Quinze delas estão no Brasil. Depois de quase quebrar por causa da falta de acompanhamento por parte dos controladores alemães, a filial nacional cresce 20% ao ano desde 1995 e fechou 2001 com faturamento de R$ 70 milhões. Claus-Dieter Reinhardt foi o responsável pela operação de salvamento. Sua missão, agora, é bem mais agradável: conquistar as mulheres.