18/01/2022 - 12:12
Em seus primeiros 12 meses de mandato, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enfrentou desafios extraordinários: uma nação dividida após o governo de Donald Trump, a pandemia de covid-19 e uma economia em crise.
E também fez muitas promessas: curar a democracia nacional, derrotar a covid, abordar os profundos problemas raciais e econômicos e recolocar os Estados Unidos na posição de principal potência mundial.
– Covid-19 –
Biden começou com a forte distribuição de vacinas, contrastando com as políticas muitas vezes confusas de Trump, que chegou a subestimar a importância da pandemia, embora tenha implementado o programa que proporcionou o desenvolvimento das vacinas em tempo recorde.
O sucesso da campanha de vacinação, a redução dos casos e a falsa sensação de segurança fizeram com que Biden declarasse o dia 4 de julho, o feriado da independência dos EUA, como o dia de independência do vírus.
Contudo, a tendência se reverteu no segundo semestre com a propagação da variante delta, e quando a variante ômicron chegou em dezembro a culpa caiu sobre Biden, que viu o apoio da população às suas medidas anticovid cair de 69% para 46%.
Além disso, as tentativas do presidente de impor a vacinação foram recebidas com forte oposição política nas regiões conservadoras do país, e a Suprema Corte barrou sua intenção de tornar a vacinação obrigatória nas grandes empresas.
– Resgate econômico –
O governo Biden afirma que a aprovação de seu plano de resgate de 1,9 trilhão de dólares evitou que economia entrasse em uma espiral descendente com desemprego em massa e recessão.
Biden também conseguiu aprovar, com o apoio republicano inclusive, um pacote de US$ 1,2 trilhão para projetos de infraestrutura, como pontes, rodovias, conexões de internet e muito mais.
Contudo, o pacote maior para o clima e os gastos sociais, de 1,7 trilhão de dólares, o chamado “Build Back Better” (“Reconstruir Melhor, em tradução livre), acabou morrendo no Senado, onde a margem é muito estreita e Biden não conseguiu convencer um senador democrata, fazendo com que o projeto fosse arquivado.
Por sua vez, a Bolsa de Valores e o crescimento do emprego alcançaram índices recordes em 2021, com o desemprego em respeitáveis 3,9%. A inflação, no entanto, chegou a 7%, a maior dos últimos 40 anos.
Durante meses, os assessores econômicos de Biden afirmaram que a elevação dos preços não duraria muito tempo, mas, assim como a pandemia, a inflação alta persiste no país.
– Democracia e mudanças sociais –
Um político clássico de centro, Biden está tendo dificuldades para satisfazer a ala mais à esquerda de seu partido e outros grupos de eleitores-chave, como os afro-americanos.
Suas promessas de restringir o acesso às armas de fogo e instituir reformas para evitar a brutalidade policial estão estagnadas.
Além disso, a tentativa de reformar a lei eleitoral, pensada para impedir a discriminação contra os negros e a supressão da participação popular, fracassou no Senado, novamente devido à oposição de apenas dois senadores democratas. Ter uma margem tão estreita no Senado, de apenas um voto, coloca em risco qualquer ambição presidencial.
Sobre a crescente polarização do país, Biden também não conseguiu fazer muita coisa. Em seu discurso inaugural, prometeu unir os americanos e deixar para trás o estilo divisivo de Trump, que incluía incentivar o ódio contra imigrantes, jornalistas e opositores.
Contudo, a ideologia de Trump se tornou dominante no Partido Republicano e é provável que ele seja novamente candidato em 2024. Assim, Biden tende a se aproximar cada vez mais de sua própria base, enquanto o apoio dos independentes está minguando.
– ‘Os EUA estão de volta’ –
“Os Estados Unidos estão de volta”, disse o governo Biden ao mundo em seu primeiro dia.
Em alguns sentidos, este foi o caso. Biden reintegrou os EUA ao acordo climático de Paris e à tentativa multinacional de controlar a capacidade nuclear do Irã.
Ademais, se reaproximou rapidamente de seus principais aliados na Europa, na Otan e em toda a Ásia. Contudo, a saída conturbada e caótica do Afeganistão, após 20 anos de ocupação, prejudicou a imagem de profissionalismo militar dos Estados Unidos, transformando em humilhação um momento que deveria ter sido de alívio.