10/11/2010 - 21:00
E a presidente eleita demonstrou estar pronta para o desafio já na noite do domingo 31. Na festa da vitória, ela fez questão de citar a expressão “guerra cambial”. É o tema que mais preocupa as grandes lideranças internacionais e que será discutido com profundidade na próxima reunião do G20, nos dias 11 e 12 de novembro, na Coreia do Sul. Seul será o palco do encontro e também da estreia de Dilma como protagonista internacional.
Clima quente: protestos em Seul, na Coreia, às vésperas do encontro do G20
Embora seja uma cúpula reservada aos presidentes no pleno exercício de seus mandatos, o Brasil decidiu quebrar o protocolo para que Dilma seja apresentada aos futuros colegas. Nada grave.
Não há, no mundo, um único líder que não esteja interessado em conhecer as ideias da primeira mulher a governar o Brasil, uma economia vibrante e também uma democracia com 190 milhões de pessoas. Dilma sabe que o principal desafio da economia global, que ainda se recupera da crise financeira de 2008, é encontrar mecanismos de cooperação na esfera cambial.
No mundo de hoje, a China mantém sua moeda artificialmente desvalorizada, enquanto os Estados Unidos inundam o mundo com dólares, ao manterem uma política monetária excessivamente expansionista. Os reflexos disso são sentidos em todos os países emergentes, incluindo o Brasil.
A enxurrada de capitais externos valoriza as moedas, afeta a competitividade do setor produtivo e coloca em risco o balanço de pagamentos. Por isso mesmo, vários países, incluindo a própria Coreia, já começam a discutir políticas heterodoxas e que, alguns anos atrás, seriam consideradas inaceitáveis, como o próprio controle de capitais.
No encontro do G20, as principais atenções ainda estarão voltadas para o confronto entre as posições antagônicas de Estados Unidos e China, as potências de hoje e do amanhã.
Mas o Brasil, que foi um dos primeiros países a sair da crise e também o responsável pela valorização do G20 como o novo centro de gravidade da geopolítica global, terá muito a dizer no encontro.
A mensagem deve ser uma só: preservar o equilíbrio cambial é condição necessária para que os fluxos de comércio se mantenham. E, sem a cooperação de todos os países envolvidos, a própria globalização estará em risco.