À PRIMEIRA VISTA, PARECE um cenário de ficção científica. Tudo é muito claro, limpo e os ruídos quase não existem. Os funcionários mal são vistos pelos corredores, mas trabalham incessantemente em busca de soluções tecnológicas para seus nove mil clientes. Assim é a sede da EDS, visitada pela DINHEIRO, na pacata cidade de Plano, no Texas. Em 45 anos de história, a multinacional, que é líder em serviços de TI, trabalhou em parceria com gigantes do porte de Microsoft, Dell, Cisco, General Motors e Xerox, mas agora deve ter papel fundamental nos planos de outra potência: a HP. Prevendo um grande crescimento no setor de TI nos próximos anos, a HP fez uma proposta hostil de US$ 13,25 bilhões pela compra da EDS. O negócio, que só aguarda aprovação dos acionistas da EDS para ser concretizado, é estratégico e visa diminuir o abismo para a rival IBM, que já atua nesse segmento há bem mais tempo e detém um mercado muito maior. A aquisição fará com que o faturamento da HP em serviços passe de US$ 16,6 bilhões para quase US$ 40 bilhões, contando os mais de US$ 22 bilhões faturados pela EDS em 2007. E a oferta, feita por Mark Hurd, CEO da HP, fez com que as ações da EDS subissem 28% num só dia.

Mas, afinal, o que a EDS tem de mais? Considerada uma ?first wave company?, a companhia começou a trabalhar com TI quando pouco se falava no assunto. ?Nos anos 60, isso ainda era coisa de cinema. As pessoas achavam que nunca seria viável?, conta Ronald Rittenmeyer, CEO da companhia. ?As novas tecnologias da informação hoje fazem com que a informação ande mais rápido, gerando mais lucro às empresas?, continua o executivo. Rittenmeyer garante ainda que o setor está em pleno crescimento e que deve ter um ?boom? nos próximos cinco anos, principalmente em um momento em que cada vez mais as empresas estão terceirizando seus departamentos de TI. E é justamente aí que está o interesse da HP. Com o know-how da EDS, que já administra servidores de empresas de vários segmentos e faz desde transações de cartões de crédito até soluções para a emissão de bilhetes aéreos, a HP quer diminuir a distância para a IBM, sua principal concorrente global.

A mais recente aposta da EDS atende pelo nome de ?green IT?. Seguindo a onda verde que se espalha por todo o mundo, a empresa vem desenvolvendo sistemas que reduzem em até 50% o consumo de energia, trazendo uma economia significativa às empresas. A tecnologia já vem sendo amplamente adotada, prova de que os inventos da EDS têm um impacto significativo sobre algumas das maiores companhias do mundo. Hoje a EDS conta com mais de 30 petabytes ? o equivalente a 30 milhões de gigabytes ? em dados nos seus servidores. Tudo para que nada saia errado nos negócios de seus clientes. ?O futuro é do TI profissionalizado, mais barato e mais eficiente, mas sem deixar de lado a segurança. Precisamos estar em constante evolução?, completa Rittenmeyer. Ao lado da HP, e de seus dólares, esta evolução pode vir ainda mais rápido.