A XP Investimentos elevou para 11,75% sua projeção para a taxa básica de juros ao final deste ano, com o ciclo de aperto monetário começando já no próximo mês, e estimou que a taxa básica chegará a 12% em janeiro de 2025, disse a plataforma de investimentos em relatório nesta segunda-feira, 19.

Anteriormente, a expectativa da XP era que a Selic terminasse 2024 em 10,50%, patamar em que está atualmente. Já a média dos analistas do mercado continuam projetando que a taxa básica de juros seguirá inalterada até o final deste ano, segundo pesquisa Focus divulgada nesta segunda pelo Banco Central.

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nos dias 17 e 18 de setembro.

Para o final de 2025, a XP espera uma Selic de 12%, mas alertou que pode calibrar este cenário no futuro.

“O Copom deve iniciar um ciclo moderado de ajuste monetário já em setembro. Projetamos que a taxa Selic atingirá 12,00%, após uma alta de 0,25 ponto percentual, seguida de duas altas de 0,50 pp e uma final de 0,25 pp em janeiro do ano que vem”, afirma o relatório assinado pelo economista-chefe da XP, Caio Megale, e equipe.

“Considerando que vamos nos distanciar ainda mais do nível neutro de juros, é provável que o Copom encontre espaço para cortes no final de 2025 ou início de 2026. Aguardaremos a evolução dos dados antes de calibrar esse cenário. Por ora, manteremos a projeção de taxa Selic em 12,00% para o final de 2025.”

A XP elevou ainda expectativa para o IPCA, índice de referência para o regime de metas de inflação, para 4,4% ao final deste ano, ante previsão anterior de alta de 4,1%. A meta de inflação é de 3%, com banda de tolerância 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, Para o final de 2025, a XP reduziu sua projeção para o IPCA para 4%, ante 4,3% estimados anteriormente.

A plataforma informou ainda que elevou para 2,7% a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, ante projeção de 2,2%. Para 2025, a previsão foi reduzida para 1,6%, ante 1,7%

A XP manteve a projeção para o câmbio em 5,40 reais tanto para o final deste ano quanto para o encerramento do ano que vem.

O que disse a XP ao piorar as suas projeções:

A atividade econômica e o mercado de trabalho vêm se mostrando mais fortes do que o esperado. “A taxa de câmbio brasileira se depreciou mais do que seus pares este ano. As expectativas de inflação subiram, afastando-se ainda mais da meta de 3,0%. O Índice de Preços ao Atacado (IPA) subiu e deve pressionar a inflação ao consumidor nos próximos meses. Essas são evidências de que a política monetária não está suficientemente restritiva; e seriam suficientes para uma reação do Banco Central”, destacou a XP.

Os riscos de recessão global diminuíram. “Dados econômicos recentes dos EUA mostram que um “pouso suave” (ou controlado) é o cenário mais provável por ora. Na China, indicadores de julho sinalizaram taxa de crescimento econômico relativamente estável. Assim, vetores globais baixistas para a inflação brasileira parecem menos intensos neste momento”, observou.

Nova comunicação dos membros do Copom. “Com a flexibilização da política monetária em economias importantes (EUA, Europa, pares da América Latina), acreditávamos que o Copom ficaria satisfeito com suas projeções de inflação um pouco acima da meta, optando por estender o horizonte de convergência. Mas os membros do Comitê têm apontado que, em 3,2%, a previsão de inflação está acima da meta. Ademais, eles mencionaram que as perspectivas de inflação são desconfortáveis e assimétricas para cima, e que o aumento das expectativas inflacionárias exige uma reação”, acrescenta o relatório.