A finlandesa Rovio, desenvolvedora do popular game para celulares Angry Birds, havia se tornado o orgulho finlandês com o débâcle da fabricante de celulares Nokia, que por muitos anos liderou esse setor.

A marca dos pássaros nervosos espalhava-se por smartphones, parques temáticos e uma centena de produtos licenciados, de camisetas a jogos tradicionais.

O “Angry Birds” pareciam que se tornariam um fenômeno cultural capaz de sobreviver ao nascente mercado de games móveis, capaz de criar blockbusters instantâneos, mas também de brilho efêmero.

Mas a crise parece ter chegado à Rovio. Em 2014, o faturamento da companhia caiu 8,8%, para US$ 168,8 milhões. Pelo menos 110 pessoas foram demitidas e um estúdio inteiro de desenvolvimento de games foi fechado em 2014.

Não bastasse isso, sete executivos seniores estão deixando a companhia, entre eles o CEIO, Mikael Hed. Ele será substituído por Pekka Rantala, ex-funcionário da Nokia.

O que está acontecendo com a dona do Angry Birds? Parte da queda do faturamento é explicada por uma estratégia do passado que hoje se mostra equivocada.

A Rovio ganhou fama sem apostar no modelo de negócio conhecido como freemium, na qual os títulos são gratuitos quando baixados, mas exigem micropagamento no decorrer do tempo.

Quem comprou o Andry Birds pagou US$ 0,99, mas não precisa gastar mais nada até hoje. ”É difícil para companhias como a Rovio, agora, voltar atrás e pedir para que seus clientes paguem algo a mais”, afirmou, em entrevista durante a Campus Party deste ano, Chris Anderson, inventor do conceito de freemium.

Para virar o jogo, a Rovio depende, agora, de duas novas frentes. Uma delas são seus novos jogos. A empresa iniciou, no ano passado, uma série de lançamentos de títulos, todos freemium.

Os novos jogos saíram da mesmice de “lançar pássaros usando um estilingue” e partiram para o campo do fantasioso RPG, passando pela ação dos games de luta. Os pássaros nervosos ganharam até um título de corrida.

A outra aposta é o filme de animação Angry Birds, que chega aos cinemas em 2016. Ele conta com nomes de peso. Um dos pássaros será dublado por Peter Dinklage, famoso por interpretar o anão Tyrion Lannister na série Game of Thrones.

O script será escrito por Jon Vitti, do seriado Os Simpsons. Os produtores são os mesmos do longa Meu Malvado Favorito e o diretor é Clay Kaytis, que fez parte da criação do filme de animação que mais faturou na história, Frozen, da Disney.

“Nosso filme será um divisor de águas”, diz Pekka Rantala, o novo CEO da Rovio. “Ele vai aumentar o número de downloads dos nossos jogos, a visitação de nossos parques, a venda de nossos brinquedos e, por consequência, nosso faturamento.”