25/04/2023 - 11:12
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (25) a sua intenção de concorrer à reeleição e está totalmente envolvido na campanha, mas o que aconteceu com as promessas que fez quando chegou à Casa Branca?
– Reconciliar o país
Em sua posse em 21 de janeiro de 2021, Biden disse: “Vou colocar toda a minha alma nisso, para unir os Estados Unidos novamente”.
Ele se referia às profundas divisões na sociedade, ampliadas durante o mandato de seu antecessor, o republicano Donald Trump.
Nas eleições legislativas de novembro de 2022, ele não conseguiu eliminar a direita radical do cenário político, mas o presidente e seu partido a mantiveram sob controle durante uma eleição que transcorreu com tranquilidade.
Biden chegou a convencer vários congressistas conservadores a apoiar alguns de seus projetos de investimento e uma lei que protege o casamento homoafetivo.
Também se orgulha de ter promovido a diversidade, ao escolher uma mulher negra, Kamala Harris, como vice-presidente, e Karine Jean-Pierre, negra e lésbica, como porta-voz.
Mas o presidente, apesar de ser afável e centrista, gera divisões: de acordo com uma pesquisa Reuters-Ipsos de dezembro de 2022, 85% dos republicanos desaprovam sua política e 76% dos democratas a aprovam. Seu índice de popularidade entre os eleitores permanece baixo, cerca de 43% em meados de fevereiro de 2023.
– Reativar a economia
Os Estados Unidos viraram a página da pandemia de covid-19, condição-chave para a recuperação econômica.
Os números são positivos. A principal economia do mundo encerrou 2022 com crescimento acima de 2% e com um índice de desemprego abaixo de 4%. Mas essa recuperação foi acompanhada por um aumento histórico da inflação.
Os preços parecem ter se acalmado no início de 2023, confirmando a previsão de Biden de um declínio gradual.
O presidente também adotou grandes investimentos em infraestrutura, indústrias de ponta e transição energética.
Mas as desigualdades nos Estados Unidos, que são as mais acentuadas de qualquer país desenvolvido, aumentaram em 2021 pela primeira vez em dez anos.
– Alianças internacionais
“Os Estados Unidos estão de volta”, insiste Biden, que restabeleceu relações com aliados tradicionais, muito mais cordiais com ele do que eram com seu antecessor Trump.
Liderou a resposta ocidental à invasão russa da Ucrânia, com sanções e ajuda militar, e convenceu Suécia e Finlândia a aderirem à Otan.
Isso não o impede de colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar para enfrentar a China.
Ele prometeu acabar com as guerras dos Estados Unidos e ordenou a retirada do Afeganistão, que ocorreu em agosto de 2021 em meio ao caos.
Para reforçar os Estados Unidos no Pacífico, tirou da França um enorme contrato de submarinos com a Austrália. Também não parece se importar que seus projetos de reindustrialização irritem os europeus e alguns países asiáticos.
– Clima
Uma das primeiras decisões do 46º presidente dos Estados Unidos foi voltar ao grande acordo climático de Paris.
Biden relaciona a preocupação com o meio ambiente com a geração de empregos. Por isso votou em investimentos maciços a favor da transição energética e da mobilidade verde.
Ao mesmo tempo, porém, tem se esforçado para proteger o abastecimento de hidrocarbonetos dos Estados Unidos. E não hesitou em se comprometer com um senador favorável aos combustíveis fósseis.
– Migração e armas
Migração, armas e minorias são três questões emblemáticas das divisões mais profundas dos Estados Unidos e dos fracassos de Biden, em parte por causa de sua margem de manobra institucional muito limitada.
O presidente começou seu primeiro mandato sem um claro domínio parlamentar e o termina com um Congresso dividido: o Senado nas mãos dos democratas e a Câmara dos Representantes com uma leve maioria republicana.
Também tem contra si muitos estados governados por republicanos radicais e uma Suprema Corte muito conservadora.
Biden não proibiu os fuzis, apesar das promessas e de vários tiroteios em massa.
Não pôde ou não conseguiu fazer nada quando a Suprema Corte acabou com o direito constitucional ao aborto.
Também não aprovou uma lei para proteger o acesso ao voto dos afro-americanos. Tampouco freou os abusos policiais ou a onda de overdoses por opioides sintéticos.
O presidente pôs fim à construção do muro que Trump queria construir na fronteira com o México, mas não há rastros de sua promessa de reforma migratória para abrir caminho à cidadania para milhões de migrantes, especialmente os “sonhadores”, jovens que foram para os Estados Unidos quando crianças.
Além disso, por falta de acordo no Congresso para uma reforma migratória e diante de uma imigração em massa, propõe limitar o acesso ao asilo para os migrantes na fronteira com o México, obrigando-os a solicitá-lo nos países por onde transitam ou a solicitar uma consulta online, uma política semelhante à de Trump, segundo as ONGs.