O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (25) a sua intenção de concorrer à reeleição e está totalmente envolvido na campanha, mas o que aconteceu com as promessas que fez quando chegou à Casa Branca?

– Reconciliar o país

Em sua posse em 21 de janeiro de 2021, Biden disse: “Vou colocar toda a minha alma nisso, para unir os Estados Unidos novamente”.

Ele se referia às profundas divisões na sociedade, ampliadas durante o mandato de seu antecessor, o republicano Donald Trump.

Nas eleições legislativas de novembro de 2022, ele não conseguiu eliminar a direita radical do cenário político, mas o presidente e seu partido a mantiveram sob controle durante uma eleição que transcorreu com tranquilidade.

Biden chegou a convencer vários congressistas conservadores a apoiar alguns de seus projetos de investimento e uma lei que protege o casamento homoafetivo.

Também se orgulha de ter promovido a diversidade, ao escolher uma mulher negra, Kamala Harris, como vice-presidente, e Karine Jean-Pierre, negra e lésbica, como porta-voz.

Mas o presidente, apesar de ser afável e centrista, gera divisões: de acordo com uma pesquisa Reuters-Ipsos de dezembro de 2022, 85% dos republicanos desaprovam sua política e 76% dos democratas a aprovam. Seu índice de popularidade entre os eleitores permanece baixo, cerca de 43% em meados de fevereiro de 2023.

– Reativar a economia

Os Estados Unidos viraram a página da pandemia de covid-19, condição-chave para a recuperação econômica.

Os números são positivos. A principal economia do mundo encerrou 2022 com crescimento acima de 2% e com um índice de desemprego abaixo de 4%. Mas essa recuperação foi acompanhada por um aumento histórico da inflação.

Os preços parecem ter se acalmado no início de 2023, confirmando a previsão de Biden de um declínio gradual.

O presidente também adotou grandes investimentos em infraestrutura, indústrias de ponta e transição energética.

Mas as desigualdades nos Estados Unidos, que são as mais acentuadas de qualquer país desenvolvido, aumentaram em 2021 pela primeira vez em dez anos.

– Alianças internacionais

“Os Estados Unidos estão de volta”, insiste Biden, que restabeleceu relações com aliados tradicionais, muito mais cordiais com ele do que eram com seu antecessor Trump.

Liderou a resposta ocidental à invasão russa da Ucrânia, com sanções e ajuda militar, e convenceu Suécia e Finlândia a aderirem à Otan.

Isso não o impede de colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar para enfrentar a China.

Ele prometeu acabar com as guerras dos Estados Unidos e ordenou a retirada do Afeganistão, que ocorreu em agosto de 2021 em meio ao caos.

Para reforçar os Estados Unidos no Pacífico, tirou da França um enorme contrato de submarinos com a Austrália. Também não parece se importar que seus projetos de reindustrialização irritem os europeus e alguns países asiáticos.

– Clima

Uma das primeiras decisões do 46º presidente dos Estados Unidos foi voltar ao grande acordo climático de Paris.

Biden relaciona a preocupação com o meio ambiente com a geração de empregos. Por isso votou em investimentos maciços a favor da transição energética e da mobilidade verde.

Ao mesmo tempo, porém, tem se esforçado para proteger o abastecimento de hidrocarbonetos dos Estados Unidos. E não hesitou em se comprometer com um senador favorável aos combustíveis fósseis.

– Migração e armas

Migração, armas e minorias são três questões emblemáticas das divisões mais profundas dos Estados Unidos e dos fracassos de Biden, em parte por causa de sua margem de manobra institucional muito limitada.

O presidente começou seu primeiro mandato sem um claro domínio parlamentar e o termina com um Congresso dividido: o Senado nas mãos dos democratas e a Câmara dos Representantes com uma leve maioria republicana.

Também tem contra si muitos estados governados por republicanos radicais e uma Suprema Corte muito conservadora.

Biden não proibiu os fuzis, apesar das promessas e de vários tiroteios em massa.

Não pôde ou não conseguiu fazer nada quando a Suprema Corte acabou com o direito constitucional ao aborto.

Também não aprovou uma lei para proteger o acesso ao voto dos afro-americanos. Tampouco freou os abusos policiais ou a onda de overdoses por opioides sintéticos.

O presidente pôs fim à construção do muro que Trump queria construir na fronteira com o México, mas não há rastros de sua promessa de reforma migratória para abrir caminho à cidadania para milhões de migrantes, especialmente os “sonhadores”, jovens que foram para os Estados Unidos quando crianças.

Além disso, por falta de acordo no Congresso para uma reforma migratória e diante de uma imigração em massa, propõe limitar o acesso ao asilo para os migrantes na fronteira com o México, obrigando-os a solicitá-lo nos países por onde transitam ou a solicitar uma consulta online, uma política semelhante à de Trump, segundo as ONGs.