Com a elevação da nota de crédito pela Moody’s, o Brasil está agora a um passo do chamado grau de investimento, nível de classificação de risco perdido em 2016.

O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública. É uma espécie de selo de bom pagador, que dá maior segurança para que os investidores apliquem recursos no país.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a elevação do rating do Brasil pela agência Moody’s e disse que é possível que o atual governo encerre o mandato recuperando o chamado “grau de investimento”.

A agência de classificação de risco apontou que houve “melhorias materiais de crédito” do país, incluindo um “desempenho de crescimento mais robusto do que o avaliado anteriormente e um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais que emprestam resiliência ao perfil de crédito”, mas ponderou ao citar uma “estrutura fiscal do Brasil ainda moderada, conforme refletido em um custo relativamente alto da dívida”.

Nas outras duas grandes agências, S&P e Fitch, o Brasil segue dois degraus abaixo do nível de grau de investimento.

Veja abaixo a avaliação de 3 economistas sobre o que ainda é preciso para o Brasil voltar a ser classificado como país com grau de investimento:

Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos

“A decisão da Moody’s não deveria ser recebida com surpresa por quem acompanha a economia brasileira e as contas públicas. Se a situação fiscal é desafiadora, há também que se reconhecer a inexistência de risco de insolvência do setor público. Tanto é assim que a demanda por títulos públicos é firme e intensa. Além disso, o caixa do tesouro é uma boa salvaguarda contra turbulências. Os desafios estruturais são muitos. O Orçamento geral é rígido, as indexações e vinculações amarram as contas do governo e o gasto cresce de modo insustentável. É preciso de uma agenda de ajustes com foco na despesa para que se avance mais rapidamente em relação à redução do risco país, sem dúvida.”

 

Ricardo Martins, economista-chefe da Planner Investimentos

“Embora tenha sido inesperada, surpreendente e controversa pelas preocupações de mercado, principalmente na avaliação de deterioração da questão fiscal, a melhora da nota traz uma responsabilidade maior ao governo, porque a perspectiva positiva endereçada pela Moody’s encaminha o Brasil à possibilidade de conquista de país seguro para investimento. As boas expectativas das Transações Correntes, em especial o superávit da Balança Comercial, do PIB e de Núcleos inflacionários mais comportados, endereça a perseverança do governo nessa oportunidade”.

 

André Perfeito, economista

“A perspectiva atual nitidamente inspira cuidados, e a Moody’s aponta isso, mas disso saltar para uma situação de Dominância Fiscal e eventual quebra do país é um pouco além do razoável. Vale notar que o título em moeda estrangeira do Brasil segue como especulativo, de forma alguma está “tudo bem”, e sendo assim há muito que o Ministério da Fazenda precisa fazer e a entregar”